Guarda-chuva

Eu queria escrever de uma maneira
Que soasse doce em teus lábios,
Ao qual o som flutuam como pétalas
E te faça florescer.

Ecoasse à infinitas estrelas
Numa miragem eterna;
Sob a minha face, toda arte,
Chuva de emoção caindo aquarela.

A flor amarela, amar ela
Alcançável para os dedos,
Mas inalcançável é a promessa.
Pálpebras molhadas me dispara;

Tempestade que chega e derruba
Desse sonho que não tive,
Dentro de uma angustia sem fim,
O que devo fazer? Então chove...

Essas gotas de melancolia
Em cada dia um pouco cede,
Minha sede de amor adoece
E a vida se torna estorvo.

Sem Cabimentos

Lar doce lar que mora dentro de mim
Sou templo, sou alma, sou o ser aí.
O amor é o fogo que contempla a vida;
O tolo é o ego que ignora si mesmo.

Já não basta um coração, ainda há razão
Tão sedento por alegria pra sorrir à luz do dia,
Como posso ser apenas um sem ti? Sem ti...
Sentimento parece não caber assim. Sentir...

Diga-me se é tão sincero quanta a dor?
Por esta ninguém finge a todo momento
Ser fiel e bondoso que é o maior teatro,
E todo fardo é mentirmos que somos livres.

Anoitecia

Adormecia no fundo das águas
Em profundos sonhos primordiais
A noite não era um tempo em nada
Era um ovo cósmico em silêncio

Despertaria de forma caótica
Lançaria energia tão branda de si
Que romperia da mesma extensão
De forma etérica com mil fontes

Infinitas ondas se faziam
Ciclos se formavam num instante
Cronologia abriu por sua genêse
E dentro do círculo o espaço

E no meio de sua entranha luz
Partou em todas as direções
Sem cessar ao que te chocava
O véu noturno tudo cobria

Nêmesis

Agora de manhã o sol não se levanta,
Estrelas continuam no mesmo firmamento,
E as derrocadas flores clamam seu destino;
Os polens hoje tornam-se envenenamento.

Natureza destoa, o conjunto de seres
Que sois? Que estrelas? Todos perguntam ao fado,
Fato de quem seria o causador de tudo?
Se há como ter controle do que não foi dado.

Os pássaros não vão além do céu escurecido,
As feras desoladas continham-se em guarda,
E aos mares lançariam a maldição na terra
Sob atmosfera o ar de fuga em dor ceifada.

Acorda humanidade triste e desolada,
Nunca visto o fenômeno que lhe aguardava,
Agora a hora certa do perpétuo inferno
O sol negro abraçou a todos nesta data.

Criança Esperança, só que

O representante do lixo era um menino
Determinado pela escola este papel,
O teatro era metanálise do excluído;
Representação do delinquente sem céu,
Pois seu horizonte não tinha direção
E o futuro estereotipado como cão.

Sua mãe sofria de uma certa patologia
A cama seu descanso eterno de prisão.
Ele era um de vários irmãos, vivia no chão,
Vida sempre fria, logo cedo entardecia
E o menino se viu num papel todo branco.
Se tinha tal boca suja porque era franco.

Remanescência

Tarde! Nunca a morte compara.
Ó miserável que há dentro de cada um,
Longe daqui! A tua jornada...
E quem saberia dizer quando esta dor para?
Então, o eterno continuum
Da fatigada alma que clama ser penada,

Que tu bem o sabes, infante!
Alardeia entrementes oportuno estranho
Palavras para decifrar,
A hora nunca esperada, resigno semblante,
De um cansado servo tacanho.
Chega! Expressa: não há mais que suportar.

Os dias encantados se foram,
Ó angustia, não lembre do passado, assim, ou...
Que escolha existe para o fim?
Nada. Apenas um registro para os que choram.
Maldito seja quem o criou,
Isto é, sua vontade dor e maldade enfim.

Tinta de Lágrima

Agora, este meu cálice, segredo;
Quem escuta a cabeça de Orfeu,
Faminto poeta, teu verso morreu
Na folha da memória diante ao medo

O vinho do qual toma é um veneno,
Ninguém se importa amar tão livremente,
Pois a cobra circunda e me condeno
A tomar as decisões mais duramente.

Como a vela se apaga, o tempo rege,
Reflito ao deparar o crânio velho
E, busquei tal amor que te protege

Assim como a abelha produz mel,
Meu sem doce ficou - e te revelo
Minha vida; um caminho sem o céu.

Imago Dei

Os ventos correm aos assobios dos malditos,
Anunciam as misérias de suas ordens,
Rangem os dentes a tessitura em navalha,
Soa como mil bafos de loopings infinitos.
Como próprio diabo são os mesmos homens,
Golpeiam entre si, da sua própria vida falha.

Preso na tua própria condição deste ser,
Condena o próximo como a si mesmo.
Tua espécie é semelhante da tua ambição,
Imago divino é possuir, consumir e ter.
Ou seja, teu palacete é burlesco
Igual a arrogância! E quer impor sua ideação?