Isso

Penso, logo não existo.

A Lua que dá Risada

Um pensamento igual da tempestade;
Ruas que correm a rios na tua cidade;
A lua que dá risada na retina,
Serenata na pele da menina.
Tão longe irão chegar estes momentos,
Tudo que se descreve em pensamentos.

Vidas

Não me dei conta do perigo vida,
E no momento mais sensível vi
Quase que tenho a despedida vinda,
E mesmo assim quase perdida ri
Logo te trato de tal modo ungida
Foi renascida, que bom viva ainda.

Olhos Castanhos

Olhos Castanhos, fulminante arte
Contempla o corpo com os toques cheios
Dedos que escorrem pela obra aparte
Exalam flores do mais doce cheiro
Se penso, logo existo diz Descartes
Mas é o instinto que me leva ateios

Volúpias Sem Matéria

Por que o amor?
Com que faces olhas a juventude
O ar do gracejo
Como se não pudesse agarrar
Qual sentimento me nega

Com ar puro tomado de licor
Tão poucas horas de paixão
Meu espírito já se foi
agora só resta a sede

Mesmo sabendo seus desejos
Já me negas em teu olhar
Por que o amor?
Esconde sob máscaras de luxuria
E finge ser tão bondosa

Espero tua atenção ao menos
Como poeira que fica de lado
Se diz em nome de qualquer razão
Mas justificou pela impulsão do ego

Que tamanha identidade procura
Sobre o esmo de qualquer existência
Por que o amor?
Se somos tão livres ou a procura de,
Então por que me negas?

No Pedaço de Papel Branco

No pedaço branco do papel
Que falta preencher o pensamento
As cores vistosas do painel

O artista que acaba em seu relento
Chegada da obra prima fiel
Das mãos do criador belo talento

Abrirei Meus Olhos

O amanhã que venho sonhando
Em cada desenho um momento
A premonição do formando

Voz da iniciação do rebento
Governa em teu próprio comando
Viva ao mesmo tempo morrendo!

Da União

Voz do amanhecer ressonante
A sombra escondeu de alguém
O hino órfico livre e bacante

Pensa que por tal seja eleito
Contudo quem sabe é o amante
Vem unir versando ao perfeito

Salut D'Amor

Ao amanhecer a lua era calma
Vem toda alva à luz da alma,
Graça do oriente como flor
O teu sorriso com rubor.

É tal rosa contra o vento
Ao desenhar cada momento,
Um céu azul em liberdade
Que abre tuas asas divindade.

Vem entregar o vinho tinto
E expressarei o que sinto,
Volta noturna como prata
Inspiradora em tua sonata.

Soluto amor que se dispersa,
Sonho dourado que se versa,
Cor lemniscata ao seu vinhedo
Faz nossa noite um só segredo.

Prantos sob a Lua


Uma noite apareceu
A lua azul me chamou
Tornou-me um novo Orfeu
Depois assim me deixou

Agora refém do amor,
Maldito Hades que seja
Melodia que toca a dor
Em nome da morte beija

Eurídice me tirou
São lágrimas do meu dia
E quem um dia me chamou
A voz da Melancolia

Não conhece tal destino
Filho dos raios de sol
Calíope fez um menino
De cabelos caracol

Quem me entrega esta lira
Apologia do esplendor
Mas há aquele que ainda fira
Tu Aristeu seu traidor

Serpenteia toda vida
Pedra de qualquer caminho
É no inferno o qual lida
Ou viver sempre sozinho

Através do rio Estige
Até Cérbero adormece
Que diante de uma esfinge
Perséfone compadece

Lamento que contagia
O gélido coração
Tormenta não mais se via
Daquele sem compaixão

Mas que impõem condições
Para todos e a quem trilha
Em que constrói relações
O ser se torna uma ilha

Ao olhar para trás termina
Ilusão tomou a verdade
Luz e sombra que domina
Só confunde a realidade

Sob o manto iluminado
A lágrima que irradia
Este que foi condenado
De novo o amor partia

Toda ninfa importunou
Sem sua dor reconhecer
Nota por nota o matou
Eros só quer tal prazer

E no fim ninguém o quis
Pois ficou despedaçado
Mas a musa sempre diz
Que o amor será encontrado




Bandoleiro

Da amizade das mulheres
ou são garfos ou colheres
que me servem pra comer.

O que é filosofia?
Ninguém liga hoje em dia
a importância de viver.

E você vem dizer...
Vai falar desse mundo, vai falar de todo mundo.
Não tem nada pra fazer?

Bang, bang na cidade grande
toc, toc bate na sua porta
um suspeito pode ser perigo
ou amante ou bandido.

Braum, braum alguém está fugindo
tic tac o tempo está passando
o que fazer quando está perdido
ou quando a gente está amando.

O que dizer?

Vem Dançar Comigo

I
Para que serve a vida,
E os prazeres se não quer ver?
Sei que não posso criar coisas novas,
Mas posso transformá-las na medida do possível.
Contudo, quem dera ter tudo em mãos,
E ao mesmo tempo ser um mágico
Não imaginaria o que sairia da minha mente.
Caso, se fosse também um adivinho
Já não precisava mais contar com a sorte
Mesmo que conhecesse toda a psicologia
Não posso sentir prazer sem outro alguém.
Então lhe digo sem temer as consequências
A inspiração dessas palavras que ardem meus desejos

II
Ao te observar com poucos olhares,
Poucas palavras ainda não chegam perto
Mas perto de tua presença pude notar
Uma doce fragrância natural que nostalgia
Desequilibrei-me, saí fora de mim
Como pode também seu olhar me subjugar?
Sim, delicada como um bom cheiro de criança
O ar de uma graça angelical rechonchuda
Uma náiade de pele de amêndoas
Contemplaria a noite inteira o teu corpo.
As palavras de tua pequena boca e carnuda
É uma fada que canta, mas espero um convite
Para debruçar os deleites que a vida oferece

III
Todos, tem dentro de si uma criança
Há um tanque emocional que espera ser carregado
As munições quem decide é o coração
Inseri um pouco de minha anima em si
Sou agora verbo que espera ser conjugado.
Tenho as intenções mais sinceras e gentis
E no âmago da existência o desejo que te procura
Quero sentir o calor que arrebata em teus seios,
Um ardor que já derrubaram gigantes,
Entrelaçar a dança perdida dos amantes
Rumo sem direção em plena liberdade,
Ouvir as estrelas, e me sentirei ainda mais vivo.

O Amor Fati...

Respiro, logo estou morrendo devagar
Não tinha peso, mas dizia haver espírito
Suspiro, cada passo indo pra cavar
O meu futuro, pois que tudo está perdido

Produzo amor fútil, sintético e carente
Corpo febril, o fabricante irracional
Escolhe a dor, marca na alma tua patente
Patologia além do bem, e além do mal

Dramatizei – você não soube me amar
Você não soube me amar, o amor Fátima!
Mas descobri novo destino pra sonhar

Interpretei - você não soube me amar
Você não soube me amar, o amor fati!
Amar o próprio amor, o amor em desamar.

Eulegoria

Não sei dizer sobre eu
Tudo é resumo em poucas palavras
Se cada eu, outro morreu
A condição que me lavra

Quando me chamo por nome
Soa tão estranho, não é loucura
Habituados pelo pronome
De lira o som de doçura

Desconhecemos o eu mesmo
E como ele não perecia
Conheça a ti, e o bem supremo
O velho grego dizia

Então qual sombra faz ego?
Não há ninguém, mas venha aqui
Com uma vida ainda não pego
Falta eu outro para fruir.

Natura

Era equinócio da primavera
Trópico sul outoneará
Almiscaradas brisas dera
E todo ano voltará
Flores e frutas coloridas
Amadurecem as feridas

Férteis planícies transformadas
Terras antigas misteriosas
Doces lembranças foram dadas
Cheias de luzes tão graciosas
Nos iluminam com sua graça
Mas colha tudo que vem e passa

Faz o seu dia como sol brilha
E de sua noite faz a lua
A vida toda é longa trilha
Mas que da sina será a tua
Se alma perdida não acredita
Predizes contam por escrita

Súbito olhar que transfigura
Imensidão sem fim que sois
Ao contemplar a sua ternura
Ouro e a prata são um em dois
Que inspira amor e orientação
Tudo destina ao coração

Perigo, não leia!

Neste verso condeno teu olhar
Sonhos serão roubados, eis o crime
A leitura permite a mente voar
Venha comigo agora, e então rime

Desdobro sua consciência meu leitor
Na gaiola te prendo sob custódia
O que será você aqui do autor?
Faço-o bobo da corte da rapsódia

Dance, e dance, mas cante neste ritmo
Veja como eu divirto com seu riso
Pra rimar escolhi o algoritmo

Pois seu imaginativo está tão solto
A prisão é de escolha própria e livre
Se mais ler, ficarás mais desenvolto.

Vitória Régia

Diante da noite misteriosa, o olhar constante
Que lugar imenso, minha estrela, o amor ascende
Diante de tua morada, o cortejo do amante
Que intensifica a emoção de estar contente.

Mesmo cheio de graça, a arte de estar ali
Ao mesmo tempo em que está aqui no coração
É como ser ao mesmo tempo luz e escuridão
O qual resgata sem motivos algum o sorrir

Sua presença é tão gentil que enche os olhos de espanto,
Delicioso é o momento a quem descobre o teu manto,
O véu da imensidão que tateia a alma sem razão
São sonhos de infância que nos ligam nessa união.

Esplendor magnífico, o céu é tal como núpcias
Um encontro marcado com a flor mais preciosa,
Tamanhos júbilos regozijam de suas primícias,
Vem ao nosso interior a iluminação gloriosa.

Tamanho afeto que contagia todos os desígnios
O propósito de selar amizade entre os signos
A busca da imensa paz sob qualquer meio e labor
Que desabroche diante a nós a luz, vida e amor.

Segredo da Vida

Sem palavras para descrever minha pequena flor
Atento em cada detalhe teu, pleno em forma de amor
Todo sentido para te ler em cada vão momento
Sua existência é verbo meu ao qual vivo dizendo

Onde sua alegria é minha graça da qual nunca finda
Assim ela voa na noite calma a rosa tão linda
É aquela que vem e que passa no sonho da vida
Saudade que já nasce da alma e que não é esquecida

Viva o grande mistério do tempo que se torna verso
Que atravessa o mundo em estações e se faz o universo
Todos os lugares corre o vento de você até a mim
Nosso amor navega em direções o qual não há de ter fim

Esperando a noite

Sou a matéria perdida da vida,
Sou a escolha de cada momento,
Sou o que sou, e hei de ser...
Em contato com a vida o tempo,
Em experiência do momento um lugar,
Uma noite sem fim, uma despedida triste...

Ser Poeta

Aceitei sua palavra aqui dentro,
seu verso aqui dentro na minha canção.
Não acabe com este meu momento,
estou perdendo meu tempo, isto não é em vão!
São saudades que estão aqui dentro
por aqueles momentos que lembro de alguém.
Sendo a que causa minha dor,
acabe com este rancor que não me convém.

Ter um gesto bem amável
Busco sempre ter
Não espere dessas lágrimas
Razão para amar alguém

Vai! E não espere,
buscar sem se perder
a resposta da dúvida do amor...

A Guardiã das Maçãs Encantadas

A noite vivia escura
Tinha nada, nem lua
E não sentia em casa
Toda gélida e crua

O silêncio era muito
A vida um tanto muda
Coração batia fraco
Fadado como nunca

Foi num romper de sonho
Que sua bela voz suave
Encontrou o solitário
Que navegava ali

E viu como a lua era
Crescente que sorria
Feliz, formosa e bela
Um anjo que cantava

Tinha um olhar gentil
Estrela mais brilhante,
Sonho vivo acordado
Tal dia iluminado

Veio o frescor dos ventos
Já não era mais o frio
Doce ar de primavera
Aquela que renova

Trouxe mel e maçã
Alquimia cor dourada
Sua face feito fada
São lufos de sua graça

Bela jovem donzela
Tão divina e serena
Doce eterno da vida
És a mais rara flor

Vêm... Dê-me de beber
Pois eu que tenho sede
Se veio por amor
Então logo me rendo.

Dona Morte

Sol nasce, some a escuridão
mais um novo dia de muitos dias
seguindo minha razão.

Vejo em seus olhos que um homem não pode ver,
eu sinto o gosto amargo do medo de morrer.
Sei de muitas coisas que tenta esquecer,
leio a mente e do que possa esconder...

Sol nasce, some a escuridão
mais um novo dia de muitos dias
seguindo minha razão.

Existem sentimentos que não podem brincar,
muitos deles podem até te machucar,
sei que o homem tem seu direito de errar
mas sinto muito, tenho que te levar...

Vou gargalhar há há
Quando o dia chegar
A foice chegará há há
Seu pescoço degolar...

E não mais viverá há há há...
E não mais viverá há há há...
Nunca mais!

Donzela Cisne

O reflexo da lua sobre a lagoa desnuda
A alma que dança e muda que cresce na sua
Esta donzela cisne transforma em bela
Deixa de ser fera para voar mais livre
Perpetua-se no além liberando seus dotes
Pois esta é mais forte em braços de alguém.

Perdido é daquele que a vê sem o manto
Confunde com um anjo e ela com pena dele
Como último canto pede juramento
Logo quer casamento, pois que está no encanto
E aceita gentilmente ela o seu pedido
Mesmo que ainda perdido, o ama docilmente.

Diz Dona Morte

Quando ela vem e bate na minha porta
ninguém sabe quem é,
será que veio do inferno, meu deus!
será mulher?
Diz dona morte o que quer em minha casa:
"Alma fresquinha!"
Ai meu deus tá tão cedo pra sair
com essa "garotinha"...

Veio um anjo enviado do céu pra me proteger,
epitáfio chorando, sorrindo, cantando, não sabia mais o que fazer.
Diabo só rindo, Babilônia vindo e o maldito prazer...
Ai meu deus! E agora Dona Morte nem quer saber!

Vão para o inferno é o lugar de vocês!
Cansei de falar Dona Morte não quero ir!

"Quer um cafezinho Dona Morte?
E uma torradinha também?
Não se estressa Dona Morte, fique à vontade.
Diz Dona Morte o que queira de mim?"

Ai ai ai ai...

Notas Solos Nupciais

Dorme em meu coração
Repleto de amor a vida
Minha lua que perdição
Faz do meu amor bebida
Soletrar nova canção
Lá vem a estrela fugida
Si em si minha inquietação

Doravante colorida
Rei e rainha faz sua nação
Minha casa é tua querida
Faz da tua a minha razão
Sol e lua que consolida
Lá vem a estrela em ação
Si em mim nossa investida

Mister

Um dia caiu a fruta de um céu perdido,
Foi refletida na iris de um olhar
Com quem concebe a sabedoria,
No coração, há tantos segredos.

Mais que o tal doce que conhecemos,
Então imagine, um lugar imenso
Cheio de luzes que vimos antes
Mesmo de estar aqui no presente.

Nem mesmo a dor impede tocar
Um tal prazer que não sei do quê,
Nas mais sinceras toadas de amar
Em sentimentos não descobertos.

Novo horizonte com duas estrelas
Uma que nasce e outra que morre,
Sois tão perfeito quanto viver
E inda perdido em sonhos distantes.

Como agarrar uma nuvem rosa
Cheio de um azul que sublima o ar,
E tal maçã na mão se cria vida,
Desconhecida receita insigne.

Num lago cheio de cisnes brancos,
Seus pares negros enlaçam o cosmo,
Dançam sem medo de misturarem
Para criarem infinitas cores.

A melodia que corre no mundo,
Invade a mente de quem a procura,
Cabe saber ouvir tal canção
Que solve e talha a alma em nosso amor.

De Coração Ferido Libertarás

Acordo de manhã, agora sou do tempo que me leva embora
Não tenho vida poxa, espero que amanhã não lhe conte mais hora.
A vida é um trabalho, ainda me pergunto, vou mais trabalhar?
E por mais que trabalho, ganho menos ainda, vai atrapalhar.

Não me chamo preguiça, mas sim de um escravo, quero libertar!
Dessa tal condição, nem mesmo quando escrevo, não posso escapar,
Pois não deixe esta luta que se torna muda, nem perca expressão
Há muito sacrifício, posso estar mais vivo contra a repressão.

De coração ferido, libertarei o próximo, que haja justiça!
Será um só sentimento de várias canções contra esta injustiça.
Sonharei com alegria, em que verei um dia, mesmo que essa utopia
Não seja em tal presente, mas que por essa gente eu renasceria.

Declamo

Ó anjo que apareceu como lampejo
Tua luz parou todo relógio mecânico
Como sair do meio da multidão
E ser mais que uma constelação
Vislumbrei por um instante sua beleza
Ouvir sua voz foi como uma canção
As lembranças que agora tenho é pintura
Um painel de muitas cores que te alçam
Transformou minha vontade e sentir
Em algo prazeroso como um doce tua presença...
E saber que existe, agora anseio mais
Venha-me aos meus braços que te espero
Deixe mostrar o que sinto, que por amor
Buscarei a alquimia esquecida dos amantes.

Como Rosa

O amor é tal como rosa
Que nasce num encontro despercebido
O destino rege sem compromisso
E as estrelas inclinam, mas não determinam

Se soubesse já estaríamos selados
Mas o que seria da busca e paixão
Por isso é a razão da emoção de ser
E ser o que não poderia ser antes

Aí que entra o tempo para mediar
Se não contivesse o amor seria impossivel
Ele intercede aos poucos de um infinito
Se limita numa retidão para se conter

Sim, conter em um corpo que tem limites
Faz de um homem ser um menino
Sonhar ao mesmo tempo que está acordado
Agora sei a rosa é o amor em segredo

Constelações

Uma estrela só, ela brilha, mas mal consegue viver sozinha
Por isso em sua companhia, há outros corpos celestes,
Todo um conjunto em que elas se sustentam em conglomerados

Embora os planetas sejam de espécies diferentes,
Não deixam ter uma ligação íntima com a mesma,
São como pessoas que nos rodeiam numa vida inteira
Embora algumas mais próximas, outras o brilho alcança pouco

Mas observemos cada pessoa como uma estrela
Embora muitas delas pudessem estar distante uma das outras
Podemos notar certas ligações simbólicas
Assim como a amizade são as constelações

Contudo, cada uma resida em seu canto
São essas relações essenciais para todos
Pois através de um equilíbrio que nos fascinam,
Se aos nossos olhos tal força embora não vejamos
O conjunto dos brilhos é uma sinfonia harmônica.