Prantos sob a Lua


Uma noite apareceu
A lua azul me chamou
Tornou-me um novo Orfeu
Depois assim me deixou

Agora refém do amor,
Maldito Hades que seja
Melodia que toca a dor
Em nome da morte beija

Eurídice me tirou
São lágrimas do meu dia
E quem um dia me chamou
A voz da Melancolia

Não conhece tal destino
Filho dos raios de sol
Calíope fez um menino
De cabelos caracol

Quem me entrega esta lira
Apologia do esplendor
Mas há aquele que ainda fira
Tu Aristeu seu traidor

Serpenteia toda vida
Pedra de qualquer caminho
É no inferno o qual lida
Ou viver sempre sozinho

Através do rio Estige
Até Cérbero adormece
Que diante de uma esfinge
Perséfone compadece

Lamento que contagia
O gélido coração
Tormenta não mais se via
Daquele sem compaixão

Mas que impõem condições
Para todos e a quem trilha
Em que constrói relações
O ser se torna uma ilha

Ao olhar para trás termina
Ilusão tomou a verdade
Luz e sombra que domina
Só confunde a realidade

Sob o manto iluminado
A lágrima que irradia
Este que foi condenado
De novo o amor partia

Toda ninfa importunou
Sem sua dor reconhecer
Nota por nota o matou
Eros só quer tal prazer

E no fim ninguém o quis
Pois ficou despedaçado
Mas a musa sempre diz
Que o amor será encontrado