Ego

Eu sou o mais egoísta
Entre todos os egoístas,
Mas todos são egoístas,
O ego que não deixa ser,
Como todo ego, eu sou o seu.

Quero Colo

A pureza do teu olhar
É o que me faz ascender,
Nada suja, vem me dar
Em troca do acontecer,
O amor que jura sonhar
E a morte nada vem a ser...

Nem sei, essa febre terçã,
Não diga isso de atenção
No sentido de divã,
Mas, eu quis seu coração
Porque sempre fui seu fã,
Morro por sua negação.

Arde

Agora vejo, aquele beijo, a marca em mim
Este alguém que mal conheci, nunca tivera fim
E todo momento novo é uma refilmagem,
Chantagens emocionais que construí...

Então, ficou louco assim esta memória,
Só um pouco cansado às vezes
Querendo eu mesmo me esquecer,
Agora todo pensamento é arte.

Dois mil e tantos

Num dia de verão, num dia de verão,
Estamos neste ano ainda
Quer dizer que meio século depois
Não somos um país do futuro,
Estamos mortos, sem vontade,
A esperança é a nova utopia.

Agora a dignidade é doença,
A inteligência é traidora,
Estupidez é a recompensa,
Mas enquanto a esperança?

Inominável

Ninguém sabe dizer de onde viera
Perde-se, a origem, tempos idos
Marcam em seu milênio sua era,
Agora são estes códigos lidos.

Para alguns isso é tão fascinante;
Para outros isso é tão destituído,
Realidade se quebra bastante
Ao ponto de embalar sem sentido

Soa às vezes familiar narrações
De coisas que nos dizem respeito,
E seus contos entoam corações
Que afastam todo aspecto defeito

Sabíamos sem saber do que trata,
Dentro de qualquer alma se encontra
Uma lua que se torna doce prata
Com outro sol obscuro contra

Toda arte de viver e de amar
Poucos procuram dentro de si,
Ao outro não saberá encontrar,
Estarás cego diante de ti.

Consentir

Nas terras dos seres humanos,
As luzes estão ocultadas
Acesas em profundos planos
Assim como um conto de fadas.

Durante uma noite de sonhos,
Alegoria de todas as cores
Em vôos solitários tristonhos,
Mas que está em sua busca de amores.

Mesmo nas noites mais escuras
Nasce um farol que se transcende
Que são levados por suas curas,
Logo esta vida não se rende.

Afinidades

Precisarás de um circulo de amigos,
O que há de ter laços de confiança,
Terás o consenso, e não há inimigos,
Estar aberto aos segredos e a dança.

Inspire boas idéias nesta vida,
E planeje em seus diversos cenários,
Estruture a mente em qualquer medida,
Um pouco de coragem, somos vários!

Esteja certo que agora é ação,
Falas subsequentes, motivação!

IX

Sou materialista, sou espiritualista,
Sou a vida em qualquer forma,
Imanente, transcendente.

Bosques

Que mãos tortas têm sua figura,
Com as quais guardas os segredos.
Segura uma arma sem candura,
E se esconde nos arvoredos.

As lendas estão entre nós,
Não destrua a força elemental
Por onde vive aquele a sós,
Já basta a dor de ser mortal.

Juro que posso ir mais além,
E entre a velha fé e a nova
A desordem dos que vão e vêm,
E dos ossos de cada cova.

Em outros tempos que retornam
Os contos que estão inacabados,
Poucos ainda que se transformam
Estão vivos por estes fados.

Quem Dera

Às vezes me pego em tamanha dor;
A dor de Ausência,
A dor da falta,
A dor de querer ter sido amado,
A dor por eu ser o mesmo,
A dor para não poder ir além.
Mas quem poderia por pelo menos um dia,
Não ter tido esta dor, mas apenas amor...
Essa é a minha utopia.
Quem dera...


VIII

Apaixonado pelo infinito que sou,
Ao tomar meu chá, assim então imagino algo
Que me desperta novamente diante ao sol,
Onde perturbo a mente com um sonho magno.

Ternuras Noctígenas

Sou o corpo nu diante da lua,
Pela queda do meu saber,
Sonho no qual adentro a morte,
Um dia no qual quero esquecer.

Como que tem vergonha ser
Um modo natural da vida,
Não reconhece o que domina
A palavra que foi perdida.

Deixa-me ser beijado amor,
Em noite quente do verão
E me faça sorrir de novo,
O ar que adentra ao coração.

Que me importa destas verdades
Se não podem serem vividas,
E tolo é este fingimento
Que ainda nos deixam mais feridas.

Nostalgia Afável

A tua culpa foi nos prender nesta matéria,
Porém, o nosso amor te perdoa, não somos vis.
Não somos tua cópia mal feita do inefável,
Sentimos saudades do nosso lar durante esta viagem,
Neste lugar apenas nos enganamos nestes sentidos.
Quando sonhamos, apenas nos misturam lembranças,
Estas do presente, a outras foras de época,
E ainda mais àquelas que nos deixam em casa.
Sou artesão que contrasta com este manipulador,
Que busca e nunca cessa, que ama e nunca se cansa.

VII

Deixe-me sentir o que há mais belo em tua essência,
Deixe de lado o que não somos, apenas sinta a bondade.
O amor capricha em nossos caminhos desconhecidos,
Transforma as dores em alívio aos novos sabores,
Esqueceremos o sofrimento que foi parte do processo,
Então, após lapidar nossa alma, sereis a própria afeição.

VI

Quero dormir sem acordar amanhã,
Mas viver eternamente mais que um sonho.

V

Sou o instante que me cala num breve momento.

IV

O que me vale mais? Meditar na natureza,
ou prosternar em alguma forma de templo?
Se para expressar o amor a todo momento,
Digo-lhe que já tenho um universo.

III

E nunca murmurei uma prece,
mas agora que te peço amor,
Tenho que contar com a sorte
pois já que me julga assim primeiro.

II

Se somos sinceros, por que repetimos palavras?
Amar o próximo como a si mesmo, mas que medo;
Por que sou obrigado amar de outro jeito?

I

Pois amor, sem perder o fino buquê
Ou ácida agulha que atinge o coração;
Peço-lhe a taça, o vinho da consolação,
Embriagar em teus seios, sem mais porquê.

Poética

É por causa de si, revela-se o momento
E o teu veículo é Psi, do meu afeto e alento
Tua substância não existe; e te chamo de alma,
Forma não concebida que destoa esta calma.

Por ora, não somente agora, esse limite
O meu breve momento, e a quem que acredite,
Estou profundamente tocado ao amor
Que não sei mais dizer, e, não há maior valor.

Então, qual é o porquê do sonho, e ser tal fuga?
O outrem a te possuir, ou que te breve aluga,
A maçã ser mordida, a rosa que te fura,
A morte que revive um bom ser de um Asura.

Balbucios

Que pobre coração que não sabe onde está,
Pouco conhece o vinho, e o delírio o chama.
Se não amas, que consolo um dia encontrará,
Qual o sol aquecer, qual lua, e qual é a chama? 

Um dia na lama e nada! Inútil aflição,
O que trará amanhã o que foi ontem dor?
Vem, minha doce amiga, sentir a canção
E esquecer a incurável ignorância e dor.

Então, essência e busca, o doce e o vinho,
Assim felicidade não foge daqui,
Ninguém desvendará o mistério sozinho,
Agora se faz rosa, e me tire daqui.

Da Beleza

Deste céu iluminante foi nascido,
Tamanha liberdade sem igual,
Aquele que resgata o esquecido.

Daquela que liberta o seu ideal
Da força da criação, que surge a luz,
Ecoa a sabedoria dessa união.

E não é sofrimento pela cruz
Mas uma busca agora na intuição
Que se liga em total à natureza

Vem do mundo interior toda energia
No qual reside a real forma beleza
Espirito que guia e contagia

Consolidação

Toda fecundidade feminina
Se encontra nesta arte de viver
Com sua dedicação de ser menina

Conserva a vida bela no prazer
Aquela proteção que fortalece
Formadora virtuosa que não cansa

Com tua força materna resplandesce
Ao seu redor o amor é como lança
Que atinge o coração em sofrimento

Um pavão de mil cores ressurge
E o romã feito ouro cai ao vento
Sua consolidação eterna urge

Energia Criadora

Grande impulso divino pela ação
Tudo se multiplica do seu toque
E se expande no toque sua criação

Como pode este ser temporal foque,
Ao mesmo tempo eterno, e infinita
O sentido da vida com sua luta.

Que potência sublime está contida
Para si mesmo criar com sua conduta
Prossegue em linha reta fixamente,

Assim, em busca águia que guia ao ouro
Até chegar de encontro plenamente
Supera a destruição como ouroboro.

Le Chevalier

Estrela guia do leste, portador da luz
Forte do norte ao sul, o vento soprador
Torna-se um furacão que atravessa e seduz,
Trás as chamas que giram por todo ao redor:

Armadura Celeste, a nossa proteção,
Embebidos de rosas o doce licor.
Com tua paz cavaleiro, bela redenção,
A tua espada cruza, e, torna-se alador.

Palavras Dídimas

Jejum? Faça o que queira, mas seja a bondade
O que entra na tua boca não maculará,
Sim o que sai da boca ao dizer sua verdade
E pode macular qualquer um que amará;

Veja além de seus olhos, que há dentro de ti.
Árvores permanecem a mesma do mundo,
Folhas não caem nem dia e nem noite por si,
Nem tampouco verão, nem no inverno oriundo.

Orar? Ore pra ti mesmo, silêncio mútuo
Pois a bondade não se preocupa a imagem
Nem com exposição, pois demonstrará fátuo
Que erige uma arrogância que te faz lavagem.

Mas saiba o que escutar, qualquer luz interior,
Que ilumina o caminho, e amai teu irmão.
Proteja-o com qualquer sentido, deva pôr
O desígnio da vida proposta em ação.

Tua Pequena Desculpa

Flor azul que me revela,
Que deixa o tom da vida
Um sorriso lindo igual o teu.
É como sol de primavera,
Mas foge ao te contemplar.

Não sei o que achou deste espelho,
Com tua graça me fragmentei;
Pois, diga que não queira,
Mas não daquele que te cuidou.
Como sabes, se decide, e floresce...

Não te sentes só? Estou aqui...
Não queira se distrair? Estou aqui...
Não queira se divertir? Estou aqui...
Não queira sentir livre? Estou aqui...
Não queira uma companhia?
Não te sentes só? Quem você espera?

Hormonia

A paixão é um produto
Sintético de um corpo,
Cheio de carências,
Necessita de combustível,
Não parece de verdade
Mesmo que digamos.
E mesmo não interessados,
O corpo não mente
Como também é necessidade,
E o traduzimos de amor,
Até sendo o mais fútil
O instinto é seu aliado.

Sozinha

Depois de abandonar, vive sozinha,
Foi da sala de estar para a cozinha.
Mas agora o que tinha? Vem chorar,
Se sentia toda rainha, até deixar,
O que te fez sonhar. E ela caminha
Do zero irá traçar a nova linha...