Meu bom amigo

Meu bom amigo não chore
Porque a cada dia estou morrendo
O universo nos deixam insignificantes
Diante de seu tamanho sem tempo

Meu bom amigo não ignore
Sou tão fraco tanto quanto seu fraquejo
O tempo nos designa o desgaste
E amarelecimento dos dentes

Meu bom amigo não desista
Parece que os bons morrem primeiro
O coração que bate também dorme
Mas lhe desejo o bom sossego

Queria Ser

Queria ser a estrela que nunca morre
Para não dizer que fui esquecido
Sou a melancolia lançada à sorte
Que nasce louco a cada dia

Queria ser a lua que nunca dorme
Para não dizer que vivo da poesia
Lamentar as dores em vez da morte
O amor que me escapa nesta vida

Queria ser o céu que nunca foge
Para não dizer que estará me vendo
Ler a minha triste alma neste verso
E desejar um eterno divertimento

Sinérgico

Doce mel colorido de amor,
Como pode este vício ser assim?
Tenho o paladar pela alma
Do ser vivente que habita em mim.

Não sei dizer o que vem do além
Ou aonde for que a força venha,
O olhar me falta degustação
Algo que na mente desenha

Se por algum lado tanto desejei
Fui sincero diante de tanta dor
Acabo sofrendo por ser alguém,
Alguém que apenas tenta um amor...

Filtro dos Sonhos

A rubra cor que paira em teus sonhos,
Estrelas tristes como num mapa
Fotografadas em tua memória,
Lembranças que não são apagadas.

Mas se sangra, em vez de ser dor,
Sente prazer, logo em seguida
Acompanha sua melodia triste;

A flecha do tempo trouxe um mistério,
No qual a lírica encontra um fado,
Levanta a poeira do abandonado
E mostra a nova estrada a seguir.

Assim que despertar deste sono,
Abrirá os olhos para sonhar
E o mundo será seu novamente.

Escandescimento

Costumava viver entristecido,
Essa figura, eu, piegas da vida.
Mas, então, encontrei uma amiga
E comecei perceber outro sentido.

As vozes começaram encantar,
Luzes apresentaram mais sabores,
Ainda mais, a leveza de deitar
Sabedoria dos laços e de amores.

Inspirar o universo, adentro em si,
Como a última gota do oceano
Que em toda sua potência, descobri!

Esta alegria se torna meu arcano,
O doce vinho e a rosa entoam aqui,
Copo cheio, aos lábios, em ti emano.

Doce Janeiro

Manhã cinza no céu de janeiro,
Mesmo assim quero meu amor primeiro
E o café fica para depois.

Abre o céu, é a estação do amor
Em sol resplandescente e ascensor,
Vem iluminar docilmente nós dois.

Quero teu corpo e vinho, princesa,
Seu gosto é mais doce que cereja,
Tudo que vem depois são incertezas.

Vermelho

Que olhos grandes. Para te ver, meu bem.
Os mesmos olhos foram encantados,
pois assim é a chapeuzinho vermelho.

Em tuas cestas, cerejas e maçãs,
e todas as travessuras secretas
que virão em cada nosso encontro.

Se tenho as orelhas enormes, sabes,
ouvirei suas canções, tua bela voz,
o seu coração bater, e te amar.

Primeiro Espanto

Por um olhar a capturei,
Era um mistério, não sei dizer.
Entretanto, foi de encanto ao espanto

E de espanto apenas desejei
Que o teu corpo venha este ser
Um templo, um tempo, um alento e tanto.

Ah! Que tantas coisas já sonhei,
Agora, ainda mais eu quero ter
O teu amor, teu calor, meu recanto.

Coração Alado

Minha religião é o amor, o coração é o templo;
A rosa é seu símbolo, o universo mora dentro.
O espetáculo da vida, cheia ou vazia, o tempo?
Embora seja curta, contemplamos cada vão momento.



Suas curvas são suaves amor

Suas curvas são suaves amor
Iguais as brisas num calor,
Alivia a alma sua presença,
Oásis inteiro que me lança

De pele suave que confunde,
Assim o corpo e a alma se funde,
Nos entregamos um ao outro
Neste ritual de cada encontro.

Formosa dona dos meus cantos
Flor do deserto, puro encanto
Que invade sonhos em ternura,
Toda beleza és tua figura,

Diga-me anjo o que sois feitos?
Tanta atração, um ser perfeito
De tal fascínio até me esqueço,
Doce deleite que não há preço.


Egéria

Querida, de alquimia teu corpo fora criado
Com o sopro divino aflorou tua alma viva,
Da rosada bochecha uma expressão afetiva
Em semelhança a rosa, de rosto corado.

Bebo, bebo, o amor é doce de tua boca!
Vinho qual entorpece, feito de ternura,
Embriaga-me na noite, meu bem que fulgura,
Eterna lua de prata, companheira boa;

Pela graça do bem amado contemplamos,
A glória da bondade, a luz que vem do oriente,
Assim em cada pomo se torna presente,
Toda amabilidade é tudo que encontramos.

Alheismo

Estas expressões de fome, sentimento magérrimo
que ronca ventre chupado, que foge das desgraças,
de tal seca da vida e tratamento desigual;
cenário cinza, personalidade cadavérica,
a morte eminente arranca-lhe tudo como imposto.

Se em cada olhar se faz distante, que esperança há?
O que deve fazer para superar os instintos
primários que ficam na constância de luta e fuga?
Qual mãe gosta de ver teus filhos ao esmo e da fadiga
que transtorna os complexos de seu desenvolvimento?

Estes que tornam servos de outros que possuem mais algo,
Nega esta ligação por causa de outra religião,
que às vezes diz cuidar um do outro, mas este é de Saklas!
Não vê, e prefere às mentiras de uma boca pontífice
qual faz esquecer a verdadeira essência do amor.

XI

Não sou alegre nem triste,
sou reflexo de cada momento.

Risos Contrafeito

Aqueles olhos vagos de certos momentos
que chorando em saudade do tempo perdido,
lágrimas que farão um rio desses fragmentos
que formam as memórias de um corpo ferido.
Se porventura o fogo mantiver vida
a esperança renova a alegria sumida.

Porém, onde estarão aqueles doces dias
que por breves instantes sentiu-se extasiado,
mesmo um pouco fingido, um regozijo dado
entre sorrisos, casos, e essas calmarias,
logo, instiga pensar que a vida assim parece
utópica num sol sem sombras que arrefece.

Brejo

Tenho-te no rosto o retrato,
Trago-te bem no dilema,
Berço meu de desagrado,
Minha terra - Diadema!

A culpa não é de seu espaço,
Mas de gente que te apequena,
Logo, tudo fica sem compasso,
Desordenada que te dá pena.

Quem administra é um palhaço,
Com alcateia de pelotiqueiros,
O povo é tratado com rechaço
E o resto é de brejeiros.

Voos Noturnos

Lua cheia, joguei-me da janela
Tudo por causa dela!
Não consigo dormir mais, por que?
Sonhos, a lua de queijo...
Um barco flutuante, mil desejos
Receber teus gracejos,
Assim me mato se não te vejo.
Mas o meu amor protejo.

Sem solução de continuidade...

Quebra quebra, destino sem freio
Nasce para encontrar a mesma morte.
Quando vai ser a última parada?
A vida é a tradução limitada de espaço-tempo,
Somos joguetes da evolução do mesmo.
O horror perde o efeito quando já conhecemos,
E o medo só parte daquilo que não passamos.
Tudo é cinzas, não há negro e nem branco,
Ilusiva e ilustrativa, a consciência jaz.

Linhas Tortas

É o fim das cores, você não pode mais sonhar,
Abriu os olhos,
Não mais para sonhar. Por que?
Quantas vezes lhe disse, quantas vezes não
Tua voz
Teu corpo
Tua Mão
Pedi para você fosse livre para imaginar, pois...
Deixe o desconhecido te cobrir
Invadir sua alma.
Siga em frente, não precisa ser apenas uma reta
Enfrente teus medos, convide-os
Mostre sua face, deixe as máscaras de enfeite
Suas lágrimas podem ser sinceras
Seja agora
Faça agora
Lute agora
Por mais que tente descrever uma história linear
Não há fim, é infinita, agora é a hora
Mesmo em linhas tortas, escreva a tua história.

Doce Tóxico

Sei que a droga da paixão nos causam,
Chamamos loucura ou travessuras.
O amor tem todos os sabores
E alguns dissabores que recusam,
Mas viciam nossos corpos sem curas
Deixando marcas de muitas flores.

Por mais que negamos, repetimos
Queremos tomar mais uma dose,
Lábio nos lábios, tente outra sorte.
E quantas vezes nós já mentimos
Nesses jogos que criamos simbiose,
Às vezes encaramos a morte.

Travento

Talvez com um olhar profundo
eu me entreguei nestes lamentos,
perdoa-me amigo, os pensamentos
voam sem saber nada do mundo

qual às vezes posso me enganar,
mas, entenda-me um pouco então.
Deixe-me contar e recontar,
sem medo, por uma expressão

que me valha a pena ser dita
em cada verso que aqui venho
te mostrar. Que vida maldita!

Estou cansado, apenas isso,
não repare em minha partida,
sinto-me melhor num sumiço.

Ex-calada

Do respeito à minha família, soltando os lançamentos em si
Rememoro o mito do sol laminado em um sinédrio.
Miro fatigado soletrando lápides similares.
Faço da sólida ladeira sinuosa,
Solvente latente com sinais.
Lá vêm os sinônimos
Símbolos...

Coracão

Meu coração é uma bomba hidráulica
Que late, late, late...

Comporta

O que há com este ser que comporta?
Ele está com a pedra da loucura.
Não, ele está com males espíritos!
Claro que não, e faremos a trepanação!
Estás louco, devemos manter a oração.
O que há com este ser que comporta?

Sumir-se

Hoje está tão cinza
E a lua não apareceu
A garoa que predomina
Com meu ser mexeu
Sobre o parque da vida
Um dia ela desapareceu
A criança que resta
Ela se emudeceu

Hoje está ainda cinza
Mas o sol desapareceu
Tudo deixa de ser visto
Mergulhei no fim de si mesmo


Self

Dentro de um círculo sem fim,
formas geométricas se entrelaçam,
Nas profundezas do oceano imaginado
Que a vida tem em seu ato máximo amar.

Ainda mais adentro, nasce uma flor,
É o devir de uma luz nascente.
Voa eternamente na imensidão,
Uma linha sagaz que liga tudo e nada.

Que processo de transformação,
Quão magnífico é tudo isso!
Mas há uma barreira que impede,
Este muro que ninguém superou.

Este cruzamento deixou suas marcas,
A beleza que encanta, e a outra que engana,
Mas a bondade é uma expressão gentil,
Tua fertilidade semeia somente o amável.

E dentro de tua casa, teu próprio corpo
Espelha a forma de uma criança a sorrir,
Tua vitória é cheio de glória
É o graal da vida e evolução.

Este ciclo, todo encontro, nada escapa
A não ser sua própria realização suprema,
Esta que é intemporal, e ciente de tudo,
Atravessa todos os mundos certamente.


Detido

Tenho a hora maldita em minha mente,
O tempo me desgasta mais que um corrosivo,
Me desculpa amor, como pode ver, não sei...
Se em tua busca, tenho fracassado, sinto-me cansado
De tal maneira que minhas pernas não obedecem mais.

O que faço, faço perguntas sobre isso, com pena de mim
Não há mais palpites, tenho medo de estar com coração de ferro,
Mas sou um breve mortal, como sempre, carrega um destino para a morte.
E, se há alguma esperança, que, ouça-me aonde for!
Quem governa este mundo? Pois, se o amor é maior,
O que mais falta é o gosto de não estar só.

Por último, não menos importante, indica-me tua essência
Que diante deste momento, onde se lê, e se ora,
A vida dança com a busca numa eterna trajetória.

Na Sombra do Grande Álamo

Cintilantes cabelos de cobre dourado
Desabrochar do riso em doce primavera
Uma tímida flor pelo rubor marcado
Encoberta de folhas verde e amarela

Rasteira grama em sombra do álamo descansa
Num sonho de menarca as fadas lhe protege
E dos pingos-de-neve anunciam a mudança
Com as pedras-do-sol em seu tempo o qual rege

Durante nove dias se encontra em quietude
Durante nove noites és tão misteriosa
De tão bela essência que se fez virtude
Aponta para o céu a lua maravilhosa

Sua vestimenta branca de puro algodão
Carregados de pedras que brilham ao vento
Uma palavra tua ressoa bela canção
Que arrasta o coração em cada vão momento

Quem pudera este ser uma sorte na vida
O tempo que parece uma grande ilusão
Ou destino ou a morte em qual a gente lida
Milagre igual ao teu o que eu sempre mais pedira.

Artefato

Na caverna onde entrei havia um dragão
que dormia entre as mais antigas pedras,
um submundo onde era o guardião
o silêncio reinava entre os pingos...

Havia uma coroa jogada ao chão,
ossadas ao redor de qualquer tesouro
dormia o gigante da pele de aço,
um risco, um suspiro, uma maldição.

Qual cobiça da besta que esconde,
que desenha em seus olhos o reflexo,
um brilho que qualquer um se perderia,
uma aura, uma aurora, áureo diamante...

Jaziam caçadores que sucumbiram por glória,
momento aterrorizador, desejo atentador
o caminho parece ser estreito mas breve
instante decide o destino, ora hesitante.

Quem nunca teve a chance, era essa
mas qual sorte que pagaria com a vida
talvez há aqueles que não renderiam por nada
e há aqueles que não venceriam nenhuma fera.

X

Liberticidas são todos os tiranos
Que negam o amor por causa de poder,
Mas não há poder de transformação sem amor,
A liberdade exige renúncia de sua soberania.

Neotopia

Ideologias?
Tudoismo...
Laissez faire, laissez aller, laissez passer?
- Keep Calm and Carry On!
Nenhuma Arquia, somos todos Arcontes,
Mas, viva a Holarquia da Natureza!
Negamos ao controle sobre o outro,
Pois cada um tem uma centelha que nos ligamos,
Só assim construímos estradas sem fim
Que miram apenas ao eterno horizonte.

Reditador

Foi eleito o novo governador
Eu choro mais uma vez,
Sendo A ou sendo B,
Elegemos mais um ditador.

Ego

Eu sou o mais egoísta
Entre todos os egoístas,
Mas todos são egoístas,
O ego que não deixa ser,
Como todo ego, eu sou o seu.

Quero Colo

A pureza do teu olhar
É o que me faz ascender,
Nada suja, vem me dar
Em troca do acontecer,
O amor que jura sonhar
E a morte nada vem a ser...

Nem sei, essa febre terçã,
Não diga isso de atenção
No sentido de divã,
Mas, eu quis seu coração
Porque sempre fui seu fã,
Morro por sua negação.

Arde

Agora vejo, aquele beijo, a marca em mim
Este alguém que mal conheci, nunca tivera fim
E todo momento novo é uma refilmagem,
Chantagens emocionais que construí...

Então, ficou louco assim esta memória,
Só um pouco cansado às vezes
Querendo eu mesmo me esquecer,
Agora todo pensamento é arte.

Dois mil e tantos

Num dia de verão, num dia de verão,
Estamos neste ano ainda
Quer dizer que meio século depois
Não somos um país do futuro,
Estamos mortos, sem vontade,
A esperança é a nova utopia.

Agora a dignidade é doença,
A inteligência é traidora,
Estupidez é a recompensa,
Mas enquanto a esperança?

Inominável

Ninguém sabe dizer de onde viera
Perde-se, a origem, tempos idos
Marcam em seu milênio sua era,
Agora são estes códigos lidos.

Para alguns isso é tão fascinante;
Para outros isso é tão destituído,
Realidade se quebra bastante
Ao ponto de embalar sem sentido

Soa às vezes familiar narrações
De coisas que nos dizem respeito,
E seus contos entoam corações
Que afastam todo aspecto defeito

Sabíamos sem saber do que trata,
Dentro de qualquer alma se encontra
Uma lua que se torna doce prata
Com outro sol obscuro contra

Toda arte de viver e de amar
Poucos procuram dentro de si,
Ao outro não saberá encontrar,
Estarás cego diante de ti.

Consentir

Nas terras dos seres humanos,
As luzes estão ocultadas
Acesas em profundos planos
Assim como um conto de fadas.

Durante uma noite de sonhos,
Alegoria de todas as cores
Em vôos solitários tristonhos,
Mas que está em sua busca de amores.

Mesmo nas noites mais escuras
Nasce um farol que se transcende
Que são levados por suas curas,
Logo esta vida não se rende.

Afinidades

Precisarás de um circulo de amigos,
O que há de ter laços de confiança,
Terás o consenso, e não há inimigos,
Estar aberto aos segredos e a dança.

Inspire boas idéias nesta vida,
E planeje em seus diversos cenários,
Estruture a mente em qualquer medida,
Um pouco de coragem, somos vários!

Esteja certo que agora é ação,
Falas subsequentes, motivação!

IX

Sou materialista, sou espiritualista,
Sou a vida em qualquer forma,
Imanente, transcendente.

Bosques

Que mãos tortas têm sua figura,
Com as quais guardas os segredos.
Segura uma arma sem candura,
E se esconde nos arvoredos.

As lendas estão entre nós,
Não destrua a força elemental
Por onde vive aquele a sós,
Já basta a dor de ser mortal.

Juro que posso ir mais além,
E entre a velha fé e a nova
A desordem dos que vão e vêm,
E dos ossos de cada cova.

Em outros tempos que retornam
Os contos que estão inacabados,
Poucos ainda que se transformam
Estão vivos por estes fados.

Quem Dera

Às vezes me pego em tamanha dor;
A dor de Ausência,
A dor da falta,
A dor de querer ter sido amado,
A dor por eu ser o mesmo,
A dor para não poder ir além.
Mas quem poderia por pelo menos um dia,
Não ter tido esta dor, mas apenas amor...
Essa é a minha utopia.
Quem dera...


VIII

Apaixonado pelo infinito que sou,
Ao tomar meu chá, assim então imagino algo
Que me desperta novamente diante ao sol,
Onde perturbo a mente com um sonho magno.

Ternuras Noctígenas

Sou o corpo nu diante da lua,
Pela queda do meu saber,
Sonho no qual adentro a morte,
Um dia no qual quero esquecer.

Como que tem vergonha ser
Um modo natural da vida,
Não reconhece o que domina
A palavra que foi perdida.

Deixa-me ser beijado amor,
Em noite quente do verão
E me faça sorrir de novo,
O ar que adentra ao coração.

Que me importa destas verdades
Se não podem serem vividas,
E tolo é este fingimento
Que ainda nos deixam mais feridas.

Nostalgia Afável

A tua culpa foi nos prender nesta matéria,
Porém, o nosso amor te perdoa, não somos vis.
Não somos tua cópia mal feita do inefável,
Sentimos saudades do nosso lar durante esta viagem,
Neste lugar apenas nos enganamos nestes sentidos.
Quando sonhamos, apenas nos misturam lembranças,
Estas do presente, a outras foras de época,
E ainda mais àquelas que nos deixam em casa.
Sou artesão que contrasta com este manipulador,
Que busca e nunca cessa, que ama e nunca se cansa.

VII

Deixe-me sentir o que há mais belo em tua essência,
Deixe de lado o que não somos, apenas sinta a bondade.
O amor capricha em nossos caminhos desconhecidos,
Transforma as dores em alívio aos novos sabores,
Esqueceremos o sofrimento que foi parte do processo,
Então, após lapidar nossa alma, sereis a própria afeição.

VI

Quero dormir sem acordar amanhã,
Mas viver eternamente mais que um sonho.

V

Sou o instante que me cala num breve momento.

IV

O que me vale mais? Meditar na natureza,
ou prosternar em alguma forma de templo?
Se para expressar o amor a todo momento,
Digo-lhe que já tenho um universo.

III

E nunca murmurei uma prece,
mas agora que te peço amor,
Tenho que contar com a sorte
pois já que me julga assim primeiro.

II

Se somos sinceros, por que repetimos palavras?
Amar o próximo como a si mesmo, mas que medo;
Por que sou obrigado amar de outro jeito?

I

Pois amor, sem perder o fino buquê
Ou ácida agulha que atinge o coração;
Peço-lhe a taça, o vinho da consolação,
Embriagar em teus seios, sem mais porquê.

Poética

É por causa de si, revela-se o momento
E o teu veículo é Psi, do meu afeto e alento
Tua substância não existe; e te chamo de alma,
Forma não concebida que destoa esta calma.

Por ora, não somente agora, esse limite
O meu breve momento, e a quem que acredite,
Estou profundamente tocado ao amor
Que não sei mais dizer, e, não há maior valor.

Então, qual é o porquê do sonho, e ser tal fuga?
O outrem a te possuir, ou que te breve aluga,
A maçã ser mordida, a rosa que te fura,
A morte que revive um bom ser de um Asura.

Balbucios

Que pobre coração que não sabe onde está,
Pouco conhece o vinho, e o delírio o chama.
Se não amas, que consolo um dia encontrará,
Qual o sol aquecer, qual lua, e qual é a chama? 

Um dia na lama e nada! Inútil aflição,
O que trará amanhã o que foi ontem dor?
Vem, minha doce amiga, sentir a canção
E esquecer a incurável ignorância e dor.

Então, essência e busca, o doce e o vinho,
Assim felicidade não foge daqui,
Ninguém desvendará o mistério sozinho,
Agora se faz rosa, e me tire daqui.

Da Beleza

Deste céu iluminante foi nascido,
Tamanha liberdade sem igual,
Aquele que resgata o esquecido.

Daquela que liberta o seu ideal
Da força da criação, que surge a luz,
Ecoa a sabedoria dessa união.

E não é sofrimento pela cruz
Mas uma busca agora na intuição
Que se liga em total à natureza

Vem do mundo interior toda energia
No qual reside a real forma beleza
Espirito que guia e contagia

Consolidação

Toda fecundidade feminina
Se encontra nesta arte de viver
Com sua dedicação de ser menina

Conserva a vida bela no prazer
Aquela proteção que fortalece
Formadora virtuosa que não cansa

Com tua força materna resplandesce
Ao seu redor o amor é como lança
Que atinge o coração em sofrimento

Um pavão de mil cores ressurge
E o romã feito ouro cai ao vento
Sua consolidação eterna urge

Energia Criadora

Grande impulso divino pela ação
Tudo se multiplica do seu toque
E se expande no toque sua criação

Como pode este ser temporal foque,
Ao mesmo tempo eterno, e infinita
O sentido da vida com sua luta.

Que potência sublime está contida
Para si mesmo criar com sua conduta
Prossegue em linha reta fixamente,

Assim, em busca águia que guia ao ouro
Até chegar de encontro plenamente
Supera a destruição como ouroboro.

Le Chevalier

Estrela guia do leste, portador da luz
Forte do norte ao sul, o vento soprador
Torna-se um furacão que atravessa e seduz,
Trás as chamas que giram por todo ao redor:

Armadura Celeste, a nossa proteção,
Embebidos de rosas o doce licor.
Com tua paz cavaleiro, bela redenção,
A tua espada cruza, e, torna-se alador.

Palavras Dídimas

Jejum? Faça o que queira, mas seja a bondade
O que entra na tua boca não maculará,
Sim o que sai da boca ao dizer sua verdade
E pode macular qualquer um que amará;

Veja além de seus olhos, que há dentro de ti.
Árvores permanecem a mesma do mundo,
Folhas não caem nem dia e nem noite por si,
Nem tampouco verão, nem no inverno oriundo.

Orar? Ore pra ti mesmo, silêncio mútuo
Pois a bondade não se preocupa a imagem
Nem com exposição, pois demonstrará fátuo
Que erige uma arrogância que te faz lavagem.

Mas saiba o que escutar, qualquer luz interior,
Que ilumina o caminho, e amai teu irmão.
Proteja-o com qualquer sentido, deva pôr
O desígnio da vida proposta em ação.

Tua Pequena Desculpa

Flor azul que me revela,
Que deixa o tom da vida
Um sorriso lindo igual o teu.
É como sol de primavera,
Mas foge ao te contemplar.

Não sei o que achou deste espelho,
Com tua graça me fragmentei;
Pois, diga que não queira,
Mas não daquele que te cuidou.
Como sabes, se decide, e floresce...

Não te sentes só? Estou aqui...
Não queira se distrair? Estou aqui...
Não queira se divertir? Estou aqui...
Não queira sentir livre? Estou aqui...
Não queira uma companhia?
Não te sentes só? Quem você espera?

Hormonia

A paixão é um produto
Sintético de um corpo,
Cheio de carências,
Necessita de combustível,
Não parece de verdade
Mesmo que digamos.
E mesmo não interessados,
O corpo não mente
Como também é necessidade,
E o traduzimos de amor,
Até sendo o mais fútil
O instinto é seu aliado.

Sozinha

Depois de abandonar, vive sozinha,
Foi da sala de estar para a cozinha.
Mas agora o que tinha? Vem chorar,
Se sentia toda rainha, até deixar,
O que te fez sonhar. E ela caminha
Do zero irá traçar a nova linha...

Tal Amor

Alguém pode encontrar tal amor?
Disseram-me que está em cada um
Se cada um são todos onde for
Aonde for tem canção ou verso, hum?
Então por que me chamas de ser louco
Se louco assim é o amor, o teu é pouco.

Extrelas

Me jogo nas estrelas num êxtase
Como quero explodir em super nova
Ser um tigre espacial com qualquer ênfase
Traduzir o universo numa trova
Mais rápido que a luz e gravidade
Transformarei a ficção em realidade

Ide

Noites de adolescente, vai sonhando
Aos vídeos, tempo onírico e dispersos
Em conversa entre si, está coisando,
Contingência do corpo de mil versos,
Viajando sobre a tela do imagético
Ide, transfigurando o ser genético.

Frutos

Não imaginas que nós imaginamos
Uma árvore frondosa em muitos ramos
Com raizes conetivas viram folhas
Como criação que brincam com as bolhas
Estas voam como flores sem um fim
Que lhe permitirá nascer em mim

Temulentus Populi

Essas sementes mal plantadas
Com saco cheio que se vaga,
Que caem no meio das estradas,

Talvez um dia seja uma praga
Que multiplicam nas beiradas,
Então, o carrasco vira draga.

Ego Moinho

Ouça-me bem, preste atenção!
O mundo gira ao seu redor,
Essa ilusão só lhe diz não!

Vai reduzir o teu torpor,
Mal começaste a ilusão
Resmunga muito sobre a dor!

Painel Contente

Chuva lépida do entardecer veludosa
Como bolhas as flutuantes pétalas do jardim
Que verso abrigou o segredo de teu labor
No qual mansidão roça os pensamentos ligeiro
Não foge tuas fulguras das línguas dos amantes

Como véu que disfarça a tua dança
O ritmo exalta animosamente a vida
Dás forma ao beijo e transfigura o lacrimejante
Pela formosa palavra em que si própria entende
Arrebata os corações nos ninhos dos que nascem

Inusitada de Si

Será verdade? Não se pode apaixonar?
Isto vai atrapalhar teus planos,
Se diz tão experiente quanto a mil anos,
Não é por medo sob os teus trapos
Com qual enches de orgulho e recalque,
Cegou os lábios que tanto experimentaram
E agora? Seus olhos só mordiscam...

Só por que tua beleza requer aquisição?
Não serão falácias de quem ama sozinho
Seria eu o produto apresentado de pouco valor
Pois, quem é que denuncia sem querer!?
Pouco sabe, sou "amigo" de poucas horas,
Mas teu sorriso é um gatilho que mata carentes,
Só lhe digo obrigado pelo o vão momento.

Dolor

Até quando vai sofrer com isso?
Sabe que dói, e apenas consente,
Diante do outro, sua dor é maior,
Outra dor não há cura, só a tua,
Mas a tua é apenas solidão da mesma
Não percebe, mesmo diante do outro,
Quer a cura de imediato, consegue?
A cura do outro é a sua dor,
Enquanto viver na mesma linear
Ficará preso diante qualquer paradoxo.

Comunicá-lo

A língua. A comunicação.
Mundo de sonhos, os acordados
Nele comunicamos na ação,
Fantasias e fatos são fadados,
O guia astral ainda sem direção,
Dois aparelhos são transformados;
Um cego, outro sem direção,
Não sei que sei, foram conselhados.

Este Sonho

Ser humano, ser algo, cotidiano
Sobrevive de nova forma, vago
Não consegue, não dorme, todo ano
Razão irracional, próprio imago
Continua, continua, e continua
Suas deusas se tornaram morte crua

Agora estão no fundo da caixinha
Da mente, da loucura, a perdição
Teu sabor da neurose, figurinha
Teu preço de valor é imitação
Que bebe, come, fuma e no fim chora
Pois veja este tempo, diz sem hora

Afunda Mente

Sentir artificial não é tão moderno
Tudo que se torna algo em oficial
Parece que passamos no inverno
Essência concebida sem moral

Ditadora de modos e viver
Controla pensamentos no devir
Vigia comportamento e o que ter
Quer ser dona da vida e teu sentir

Molda-o em ser passivo e que te cala
Repete estas palavras em sua mente
Tudo que estes precisam vem da fala

Mestre da arte retórica e seduz
E se proclama santo e que só mente
Que afasta qualquer um de sua real luz

Imagem Valor

A imagem é de vossa semelhança
Ser como outro semblante, disse não
Mediada por tal cópia de esperança
Então cristalizado por tua mão.

Valorizamos nada dentro, e casca
Com o decorativo favorito.
Paixão dilacerante que te engasga
Apenas ornamentos em um rito,

Mundo de propaganda, sem escolha,
Toda publicidade enganadora
Que seduz cada alma para a bolha,
E te leva destruir em cada hora.

Sem atividade intelectual
Sem crítica, com medo do momento,
Um mundo atravessado num ritual

Tanta contemplação desse egoísmo
Tanta vida que morre nesse alento
Resume em aparência qualquer ismo

De qualquer jeito o mesmo ainda persiste
Sem uma direção sopra outro vento
Levando o tempo morto por ser triste

Imagem Capital

A imagem é o valor capital primeiro
É o que rege o destino tão primitivo
Voltamos na selva, agora de pedras
Representamos um pseudo mundo em realidade
Nossa contemplação de cada dia banal
Agora somos produtores de auto-enganos
Enganamos o outro para enganarmos
A vida é iludida, luz que não propaga
Em cada instante uma nova máscara
Para esconder em sombra o que somos

Almando

A relação é se manter vivo
Mesmo quando esta é difícil
Sua pessoa entra pela minha porta
Quem sabe os ideais se cruzam
Os sonhos tem muito a ensinar
E a natureza ainda é um grande mistério
Pode ser que temos muitos espelhos
Que refletem um ao outro ao mesmo tempo
Nossa memória é um diário de registro
Escrevemos, e abandonamos no fundo da mente
Que paradoxo estar no presente entre tempos
E os sonhos refletem o passado que tivemos
E interpretamos como possibilidades para o futuro
O tempo continua ser o compasso dos loucos
Vivemos vagando em busca de algo
Enquanto que agora estou te querendo

Se Sou Assim Louco

Prazer mais egoísta de possuir
Dizem que estou louco por você
Mas se eu estiver feliz assim?

Que ama sem querer o tal prazer
Quero te soltar para não ir
Mesmo se eu fingir por ti morrer

Um Outro Verão

O adeus vem como tempestade
Tão forte quanto a estação
De seu calor sem acuidade

Outro sabor este verão
Até a paisagem nos degrade
A rotineira da paixão

Neura

Neurologicamente, minha droga
E minha fantasia, comportamentos
Ao qual logicamente às vezes troca
De roupa, e, vem desejos tão violentos

Amor, o que dizer?

O amor, como falar?
Deste tal sentimento
Que falta palavras,

O que é isto do ser?
E será que ele existe?
Mais fáceis perguntas.

Meu Céu

É durante a tarde que vem a dor asas do perdão
Elevo-te seu nome às estrelas, tenho grande zelo
De manhã acordo em teus seios de um azul infinito
Mas somente a noite que bebo de todo seu amor

Grand Guignol

Vejam que algo existe além de nós
Todo mistério acercam de vós
Que fazem quem sou em acreditar
Apenas mais um nesse Grand Guignol

Para provar o tamanho da fé
Nem tudo que vemos é o que é
Nem foi deus e nem o próprio diabo que quis
O mundo desse jeito

Por favor me liberte dessa ilusão
Não sejamos controlados por aqueles que ditam o que são

Quero-a

Oi! Preciso lhe dizer o que sinto tanto
Eu não consigo me soltar
Pelo medo de enfrentar
Vamos combinar em fugir
Para o destino não interferir
Eu a quero do meu lado
Só para ver você sorrir

Por isso quero, quero, quero...
Quero-a só pra mim.

Amor por que me ensinou?
Sem permitir, mas descobri...
O que é sentir a loucura que tanto falou.

Tédio

A única certeza que tenho agora
É ver um gato preto passar em frente
Será que chegou a minha hora
Terei que morrer descontente

Será que ninguém me entende
O tédio me fez silêncio

Hey Joe... Que tédio!
Não pára, não pára, pode pá!

Estar descontente
Me faz ver diferente
Eu sei que está errado
Estamos dominados

Até as Nuvens

Tanto faz traçar os movimentos
Decidir o rumo incerto
Formado pelo os ventos
Tanto faz, tanto faz
Essa corrente, essa forma vazante
Nascida da tristeza
Tanto faz jogar a vida ao mundo
Sentir a frieza tocar o seu corpo
Tanto faz, tanto faz essa fortaleza
Fazer essa grandeza chegar até o topo

Causas

Agora compreendo porque a chuva não parou
Ainda não me lembro qual o vento que soprou
Essa alma ferida ainda suja por dor
Que fez jurar e se vender por amor

Não é no deserto que se escolhe a solidão
Não é no inferno que se tem a punição
Não é numa cruz que se faz uma paixão
Não é nesta vida que darei toda razão

Ausência

Às vezes batem os ventos
E confundo com sua voz
É preciso esconder seus segredos
Partilhado somente entre nós
A angustia me cerca no dia
O que menos espero vai acontecer
E jurar apenas que amar é tudo
Colocando tudo a perder...

Patinha

Quando chega a noite
As estrelas aparecem
Eu fico esperando você aparecer

Como eu já dizia
Minha terra tem palmeiras
Onde cantam uns patinhos
Acordados a noite inteira

Ela é uma patinha
Desengonçada pra voar
Eu sou um bem-te-vi
E louco pra chegar até ela

Ela tem amigos
O marreco e o ganso
O cisne também é amigo de infância

Porém ela comigo não queria encontrar
Mas vinha escondida para ouvir eu cantar

No Salto que Tentei

No salto planejado não acertei
O ginasta da vida elaborou
Lançou-se em seu destino o que falhei
Era uma grande aposta que tentou
No pouso no qual teve me quebrei
Evolução da quântica exaltou

Relações Ética?

Por que elas não dão bola para mim?
O que elas querem, amam ou desejam?
Será que sou tão chato ou gosto ruim?
Por que seja um feio a desagradam?
Ou não tenha dinheiro; ou modo atlético;
Ou não tenha poder; ou ser estético?

Anime

Estilo japonês sua filosofia
As flores de sakura que despendem
Lufas da puberdade quem sorria
Se entregam embriagados os que perdem
Mas está sempre dentro de você
Basta ser calmo e rir até morrer

Sombras de Pedras

As cidades roubam brilhos estelares
Encantam com suas luzes de neon
Embora muitos estejam dormindo

Toda rua acessa para lhe dar falsa segurança
Tudo arquitetado para cidade não parar
A ambição nos levou tão longe afinal
Mas qual é a graça senão de moribundos

Quando olhares para o céu novamente
Verá que cada vez mais a visão empalidece
Seu mundo interno espelhará desvanecido

Se nesta cidade não pode ser mais iluminada
Onde eu encontro pouca gente de brilho
Não posso ser mais tocado pela alma
A noite só se torna um constante perigo

O que fazer? Treme e atrofia o coração
Meus tatos já não mais acreditam na realidade
Rosáceas cinzas se tornam poeiras da cidade

Agora a melancolia brilham em lágrimas
Sepultos ambulantes que se movem sob pedras
Cavernas e grutas que nem fogos se acendem mais

Isso

Penso, logo não existo.

A Lua que dá Risada

Um pensamento igual da tempestade;
Ruas que correm a rios na tua cidade;
A lua que dá risada na retina,
Serenata na pele da menina.
Tão longe irão chegar estes momentos,
Tudo que se descreve em pensamentos.

Vidas

Não me dei conta do perigo vida,
E no momento mais sensível vi
Quase que tenho a despedida vinda,
E mesmo assim quase perdida ri
Logo te trato de tal modo ungida
Foi renascida, que bom viva ainda.

Olhos Castanhos

Olhos Castanhos, fulminante arte
Contempla o corpo com os toques cheios
Dedos que escorrem pela obra aparte
Exalam flores do mais doce cheiro
Se penso, logo existo diz Descartes
Mas é o instinto que me leva ateios

Volúpias Sem Matéria

Por que o amor?
Com que faces olhas a juventude
O ar do gracejo
Como se não pudesse agarrar
Qual sentimento me nega

Com ar puro tomado de licor
Tão poucas horas de paixão
Meu espírito já se foi
agora só resta a sede

Mesmo sabendo seus desejos
Já me negas em teu olhar
Por que o amor?
Esconde sob máscaras de luxuria
E finge ser tão bondosa

Espero tua atenção ao menos
Como poeira que fica de lado
Se diz em nome de qualquer razão
Mas justificou pela impulsão do ego

Que tamanha identidade procura
Sobre o esmo de qualquer existência
Por que o amor?
Se somos tão livres ou a procura de,
Então por que me negas?

No Pedaço de Papel Branco

No pedaço branco do papel
Que falta preencher o pensamento
As cores vistosas do painel

O artista que acaba em seu relento
Chegada da obra prima fiel
Das mãos do criador belo talento

Abrirei Meus Olhos

O amanhã que venho sonhando
Em cada desenho um momento
A premonição do formando

Voz da iniciação do rebento
Governa em teu próprio comando
Viva ao mesmo tempo morrendo!

Da União

Voz do amanhecer ressonante
A sombra escondeu de alguém
O hino órfico livre e bacante

Pensa que por tal seja eleito
Contudo quem sabe é o amante
Vem unir versando ao perfeito

Salut D'Amor

Ao amanhecer a lua era calma
Vem toda alva à luz da alma,
Graça do oriente como flor
O teu sorriso com rubor.

É tal rosa contra o vento
Ao desenhar cada momento,
Um céu azul em liberdade
Que abre tuas asas divindade.

Vem entregar o vinho tinto
E expressarei o que sinto,
Volta noturna como prata
Inspiradora em tua sonata.

Soluto amor que se dispersa,
Sonho dourado que se versa,
Cor lemniscata ao seu vinhedo
Faz nossa noite um só segredo.

Prantos sob a Lua


Uma noite apareceu
A lua azul me chamou
Tornou-me um novo Orfeu
Depois assim me deixou

Agora refém do amor,
Maldito Hades que seja
Melodia que toca a dor
Em nome da morte beija

Eurídice me tirou
São lágrimas do meu dia
E quem um dia me chamou
A voz da Melancolia

Não conhece tal destino
Filho dos raios de sol
Calíope fez um menino
De cabelos caracol

Quem me entrega esta lira
Apologia do esplendor
Mas há aquele que ainda fira
Tu Aristeu seu traidor

Serpenteia toda vida
Pedra de qualquer caminho
É no inferno o qual lida
Ou viver sempre sozinho

Através do rio Estige
Até Cérbero adormece
Que diante de uma esfinge
Perséfone compadece

Lamento que contagia
O gélido coração
Tormenta não mais se via
Daquele sem compaixão

Mas que impõem condições
Para todos e a quem trilha
Em que constrói relações
O ser se torna uma ilha

Ao olhar para trás termina
Ilusão tomou a verdade
Luz e sombra que domina
Só confunde a realidade

Sob o manto iluminado
A lágrima que irradia
Este que foi condenado
De novo o amor partia

Toda ninfa importunou
Sem sua dor reconhecer
Nota por nota o matou
Eros só quer tal prazer

E no fim ninguém o quis
Pois ficou despedaçado
Mas a musa sempre diz
Que o amor será encontrado




Bandoleiro

Da amizade das mulheres
ou são garfos ou colheres
que me servem pra comer.

O que é filosofia?
Ninguém liga hoje em dia
a importância de viver.

E você vem dizer...
Vai falar desse mundo, vai falar de todo mundo.
Não tem nada pra fazer?

Bang, bang na cidade grande
toc, toc bate na sua porta
um suspeito pode ser perigo
ou amante ou bandido.

Braum, braum alguém está fugindo
tic tac o tempo está passando
o que fazer quando está perdido
ou quando a gente está amando.

O que dizer?

Vem Dançar Comigo

I
Para que serve a vida,
E os prazeres se não quer ver?
Sei que não posso criar coisas novas,
Mas posso transformá-las na medida do possível.
Contudo, quem dera ter tudo em mãos,
E ao mesmo tempo ser um mágico
Não imaginaria o que sairia da minha mente.
Caso, se fosse também um adivinho
Já não precisava mais contar com a sorte
Mesmo que conhecesse toda a psicologia
Não posso sentir prazer sem outro alguém.
Então lhe digo sem temer as consequências
A inspiração dessas palavras que ardem meus desejos

II
Ao te observar com poucos olhares,
Poucas palavras ainda não chegam perto
Mas perto de tua presença pude notar
Uma doce fragrância natural que nostalgia
Desequilibrei-me, saí fora de mim
Como pode também seu olhar me subjugar?
Sim, delicada como um bom cheiro de criança
O ar de uma graça angelical rechonchuda
Uma náiade de pele de amêndoas
Contemplaria a noite inteira o teu corpo.
As palavras de tua pequena boca e carnuda
É uma fada que canta, mas espero um convite
Para debruçar os deleites que a vida oferece

III
Todos, tem dentro de si uma criança
Há um tanque emocional que espera ser carregado
As munições quem decide é o coração
Inseri um pouco de minha anima em si
Sou agora verbo que espera ser conjugado.
Tenho as intenções mais sinceras e gentis
E no âmago da existência o desejo que te procura
Quero sentir o calor que arrebata em teus seios,
Um ardor que já derrubaram gigantes,
Entrelaçar a dança perdida dos amantes
Rumo sem direção em plena liberdade,
Ouvir as estrelas, e me sentirei ainda mais vivo.

O Amor Fati...

Respiro, logo estou morrendo devagar
Não tinha peso, mas dizia haver espírito
Suspiro, cada passo indo pra cavar
O meu futuro, pois que tudo está perdido

Produzo amor fútil, sintético e carente
Corpo febril, o fabricante irracional
Escolhe a dor, marca na alma tua patente
Patologia além do bem, e além do mal

Dramatizei – você não soube me amar
Você não soube me amar, o amor Fátima!
Mas descobri novo destino pra sonhar

Interpretei - você não soube me amar
Você não soube me amar, o amor fati!
Amar o próprio amor, o amor em desamar.

Eulegoria

Não sei dizer sobre eu
Tudo é resumo em poucas palavras
Se cada eu, outro morreu
A condição que me lavra

Quando me chamo por nome
Soa tão estranho, não é loucura
Habituados pelo pronome
De lira o som de doçura

Desconhecemos o eu mesmo
E como ele não perecia
Conheça a ti, e o bem supremo
O velho grego dizia

Então qual sombra faz ego?
Não há ninguém, mas venha aqui
Com uma vida ainda não pego
Falta eu outro para fruir.

Natura

Era equinócio da primavera
Trópico sul outoneará
Almiscaradas brisas dera
E todo ano voltará
Flores e frutas coloridas
Amadurecem as feridas

Férteis planícies transformadas
Terras antigas misteriosas
Doces lembranças foram dadas
Cheias de luzes tão graciosas
Nos iluminam com sua graça
Mas colha tudo que vem e passa

Faz o seu dia como sol brilha
E de sua noite faz a lua
A vida toda é longa trilha
Mas que da sina será a tua
Se alma perdida não acredita
Predizes contam por escrita

Súbito olhar que transfigura
Imensidão sem fim que sois
Ao contemplar a sua ternura
Ouro e a prata são um em dois
Que inspira amor e orientação
Tudo destina ao coração

Perigo, não leia!

Neste verso condeno teu olhar
Sonhos serão roubados, eis o crime
A leitura permite a mente voar
Venha comigo agora, e então rime

Desdobro sua consciência meu leitor
Na gaiola te prendo sob custódia
O que será você aqui do autor?
Faço-o bobo da corte da rapsódia

Dance, e dance, mas cante neste ritmo
Veja como eu divirto com seu riso
Pra rimar escolhi o algoritmo

Pois seu imaginativo está tão solto
A prisão é de escolha própria e livre
Se mais ler, ficarás mais desenvolto.

Vitória Régia

Diante da noite misteriosa, o olhar constante
Que lugar imenso, minha estrela, o amor ascende
Diante de tua morada, o cortejo do amante
Que intensifica a emoção de estar contente.

Mesmo cheio de graça, a arte de estar ali
Ao mesmo tempo em que está aqui no coração
É como ser ao mesmo tempo luz e escuridão
O qual resgata sem motivos algum o sorrir

Sua presença é tão gentil que enche os olhos de espanto,
Delicioso é o momento a quem descobre o teu manto,
O véu da imensidão que tateia a alma sem razão
São sonhos de infância que nos ligam nessa união.

Esplendor magnífico, o céu é tal como núpcias
Um encontro marcado com a flor mais preciosa,
Tamanhos júbilos regozijam de suas primícias,
Vem ao nosso interior a iluminação gloriosa.

Tamanho afeto que contagia todos os desígnios
O propósito de selar amizade entre os signos
A busca da imensa paz sob qualquer meio e labor
Que desabroche diante a nós a luz, vida e amor.

Segredo da Vida

Sem palavras para descrever minha pequena flor
Atento em cada detalhe teu, pleno em forma de amor
Todo sentido para te ler em cada vão momento
Sua existência é verbo meu ao qual vivo dizendo

Onde sua alegria é minha graça da qual nunca finda
Assim ela voa na noite calma a rosa tão linda
É aquela que vem e que passa no sonho da vida
Saudade que já nasce da alma e que não é esquecida

Viva o grande mistério do tempo que se torna verso
Que atravessa o mundo em estações e se faz o universo
Todos os lugares corre o vento de você até a mim
Nosso amor navega em direções o qual não há de ter fim

Esperando a noite

Sou a matéria perdida da vida,
Sou a escolha de cada momento,
Sou o que sou, e hei de ser...
Em contato com a vida o tempo,
Em experiência do momento um lugar,
Uma noite sem fim, uma despedida triste...

Ser Poeta

Aceitei sua palavra aqui dentro,
seu verso aqui dentro na minha canção.
Não acabe com este meu momento,
estou perdendo meu tempo, isto não é em vão!
São saudades que estão aqui dentro
por aqueles momentos que lembro de alguém.
Sendo a que causa minha dor,
acabe com este rancor que não me convém.

Ter um gesto bem amável
Busco sempre ter
Não espere dessas lágrimas
Razão para amar alguém

Vai! E não espere,
buscar sem se perder
a resposta da dúvida do amor...

A Guardiã das Maçãs Encantadas

A noite vivia escura
Tinha nada, nem lua
E não sentia em casa
Toda gélida e crua

O silêncio era muito
A vida um tanto muda
Coração batia fraco
Fadado como nunca

Foi num romper de sonho
Que sua bela voz suave
Encontrou o solitário
Que navegava ali

E viu como a lua era
Crescente que sorria
Feliz, formosa e bela
Um anjo que cantava

Tinha um olhar gentil
Estrela mais brilhante,
Sonho vivo acordado
Tal dia iluminado

Veio o frescor dos ventos
Já não era mais o frio
Doce ar de primavera
Aquela que renova

Trouxe mel e maçã
Alquimia cor dourada
Sua face feito fada
São lufos de sua graça

Bela jovem donzela
Tão divina e serena
Doce eterno da vida
És a mais rara flor

Vêm... Dê-me de beber
Pois eu que tenho sede
Se veio por amor
Então logo me rendo.

Dona Morte

Sol nasce, some a escuridão
mais um novo dia de muitos dias
seguindo minha razão.

Vejo em seus olhos que um homem não pode ver,
eu sinto o gosto amargo do medo de morrer.
Sei de muitas coisas que tenta esquecer,
leio a mente e do que possa esconder...

Sol nasce, some a escuridão
mais um novo dia de muitos dias
seguindo minha razão.

Existem sentimentos que não podem brincar,
muitos deles podem até te machucar,
sei que o homem tem seu direito de errar
mas sinto muito, tenho que te levar...

Vou gargalhar há há
Quando o dia chegar
A foice chegará há há
Seu pescoço degolar...

E não mais viverá há há há...
E não mais viverá há há há...
Nunca mais!

Donzela Cisne

O reflexo da lua sobre a lagoa desnuda
A alma que dança e muda que cresce na sua
Esta donzela cisne transforma em bela
Deixa de ser fera para voar mais livre
Perpetua-se no além liberando seus dotes
Pois esta é mais forte em braços de alguém.

Perdido é daquele que a vê sem o manto
Confunde com um anjo e ela com pena dele
Como último canto pede juramento
Logo quer casamento, pois que está no encanto
E aceita gentilmente ela o seu pedido
Mesmo que ainda perdido, o ama docilmente.

Diz Dona Morte

Quando ela vem e bate na minha porta
ninguém sabe quem é,
será que veio do inferno, meu deus!
será mulher?
Diz dona morte o que quer em minha casa:
"Alma fresquinha!"
Ai meu deus tá tão cedo pra sair
com essa "garotinha"...

Veio um anjo enviado do céu pra me proteger,
epitáfio chorando, sorrindo, cantando, não sabia mais o que fazer.
Diabo só rindo, Babilônia vindo e o maldito prazer...
Ai meu deus! E agora Dona Morte nem quer saber!

Vão para o inferno é o lugar de vocês!
Cansei de falar Dona Morte não quero ir!

"Quer um cafezinho Dona Morte?
E uma torradinha também?
Não se estressa Dona Morte, fique à vontade.
Diz Dona Morte o que queira de mim?"

Ai ai ai ai...

Notas Solos Nupciais

Dorme em meu coração
Repleto de amor a vida
Minha lua que perdição
Faz do meu amor bebida
Soletrar nova canção
Lá vem a estrela fugida
Si em si minha inquietação

Doravante colorida
Rei e rainha faz sua nação
Minha casa é tua querida
Faz da tua a minha razão
Sol e lua que consolida
Lá vem a estrela em ação
Si em mim nossa investida

Mister

Um dia caiu a fruta de um céu perdido,
Foi refletida na iris de um olhar
Com quem concebe a sabedoria,
No coração, há tantos segredos.

Mais que o tal doce que conhecemos,
Então imagine, um lugar imenso
Cheio de luzes que vimos antes
Mesmo de estar aqui no presente.

Nem mesmo a dor impede tocar
Um tal prazer que não sei do quê,
Nas mais sinceras toadas de amar
Em sentimentos não descobertos.

Novo horizonte com duas estrelas
Uma que nasce e outra que morre,
Sois tão perfeito quanto viver
E inda perdido em sonhos distantes.

Como agarrar uma nuvem rosa
Cheio de um azul que sublima o ar,
E tal maçã na mão se cria vida,
Desconhecida receita insigne.

Num lago cheio de cisnes brancos,
Seus pares negros enlaçam o cosmo,
Dançam sem medo de misturarem
Para criarem infinitas cores.

A melodia que corre no mundo,
Invade a mente de quem a procura,
Cabe saber ouvir tal canção
Que solve e talha a alma em nosso amor.

De Coração Ferido Libertarás

Acordo de manhã, agora sou do tempo que me leva embora
Não tenho vida poxa, espero que amanhã não lhe conte mais hora.
A vida é um trabalho, ainda me pergunto, vou mais trabalhar?
E por mais que trabalho, ganho menos ainda, vai atrapalhar.

Não me chamo preguiça, mas sim de um escravo, quero libertar!
Dessa tal condição, nem mesmo quando escrevo, não posso escapar,
Pois não deixe esta luta que se torna muda, nem perca expressão
Há muito sacrifício, posso estar mais vivo contra a repressão.

De coração ferido, libertarei o próximo, que haja justiça!
Será um só sentimento de várias canções contra esta injustiça.
Sonharei com alegria, em que verei um dia, mesmo que essa utopia
Não seja em tal presente, mas que por essa gente eu renasceria.

Declamo

Ó anjo que apareceu como lampejo
Tua luz parou todo relógio mecânico
Como sair do meio da multidão
E ser mais que uma constelação
Vislumbrei por um instante sua beleza
Ouvir sua voz foi como uma canção
As lembranças que agora tenho é pintura
Um painel de muitas cores que te alçam
Transformou minha vontade e sentir
Em algo prazeroso como um doce tua presença...
E saber que existe, agora anseio mais
Venha-me aos meus braços que te espero
Deixe mostrar o que sinto, que por amor
Buscarei a alquimia esquecida dos amantes.

Como Rosa

O amor é tal como rosa
Que nasce num encontro despercebido
O destino rege sem compromisso
E as estrelas inclinam, mas não determinam

Se soubesse já estaríamos selados
Mas o que seria da busca e paixão
Por isso é a razão da emoção de ser
E ser o que não poderia ser antes

Aí que entra o tempo para mediar
Se não contivesse o amor seria impossivel
Ele intercede aos poucos de um infinito
Se limita numa retidão para se conter

Sim, conter em um corpo que tem limites
Faz de um homem ser um menino
Sonhar ao mesmo tempo que está acordado
Agora sei a rosa é o amor em segredo

Constelações

Uma estrela só, ela brilha, mas mal consegue viver sozinha
Por isso em sua companhia, há outros corpos celestes,
Todo um conjunto em que elas se sustentam em conglomerados

Embora os planetas sejam de espécies diferentes,
Não deixam ter uma ligação íntima com a mesma,
São como pessoas que nos rodeiam numa vida inteira
Embora algumas mais próximas, outras o brilho alcança pouco

Mas observemos cada pessoa como uma estrela
Embora muitas delas pudessem estar distante uma das outras
Podemos notar certas ligações simbólicas
Assim como a amizade são as constelações

Contudo, cada uma resida em seu canto
São essas relações essenciais para todos
Pois através de um equilíbrio que nos fascinam,
Se aos nossos olhos tal força embora não vejamos
O conjunto dos brilhos é uma sinfonia harmônica.

Suave

"Tão suave como a brisa
Leve-me dessa solidão
Quanto ao fogo ateia o desejo
Bate o amor em meu peito
Pra não dizer quem roubou meu coração."

Sentia-me assim feliz...

Depois que atravessei o horizonte
Tanto tempo não encontrava o sol
As noites me cercaram no silêncio
E as nuvens não eram de algodão
Nem o céu livrou-me da solidão
Antes de tudo era um vazio
Ia encontrar alguém como um girassol?
Depois que capturei um diamante raro
Estaria sim preso neste momento
Ouro qualquer não troca por um sonho
Livre quando encontrei esta paz
Raras vezes sentia-me assim feliz
Lá onde está aquele sorriso
Onde precisei muito desta presença
Irei agradecer sempre pelo resto da vida.

Prisão

Eternamente impaciente, o tédio persistente
quem tira sangue de mim sou eu mesmo
incapaz de me mover, é o limite do espaço
quem diria que eu fosse mais um sádico

Nunca mais seria alcançado por um beijo
o que diria a ultima mãe que não tive
eu queimo a memória, e você me esquece
foi tudo desprogramado, estou sem relógio

Não me procure mais, não tenho o ser
estou perdendo uma vontade de existir
as unhas roçam e agridem meu rosto
são carinhos do desespero que aliviam

Este o berço do destino que machuca
sentado no canto mais escuro
antes de ver qualquer brecha de uma luz
tenho certeza que este não é mais aquele

O azul mais perto

Dia e noite, duas faces, luz e treva
Nada mudou de lugar, apenas transformaram-se
Nada mudará o que é ser e não ser
Disso é o bastante e suficiente para ter
É ter algo dentro de si, e nada mais.
Planos da vida, colheitas de tempos em tempos,
Laços unidos ajudam preencher o vazio,
Disso é o bastante, e suficiente para ter...

Ter... Ternura de mãe para um filho.
Ter... Ternura de pai para um filho.

Amor é dom, dor, dar e receber,
Adorar é acreditar nesse alguém.
O mais incrível poderá acontecer,
Trará o azul mais perto de si,
O mais incrível irá acontecer.

Juramento

Nunca acreditaria no tal amor,
Nem em um anjo belo e amigo.
Solitude, um preço maligno,
Que sol tenho!? És vida e calor,
Do qual tanto espero assim...
Amo, vejas; és única em minha natureza,
Única que digo com tanto clamor:
– Te amo.
Eterno seja nesta aliança
Ter nossa amizade de amor.

Não quero perdê-la

Tu andas levando beleza
Anjos abrem o céu só pra te ver
Sinto-me com tanta certeza
Nunca mais poderei te esquecer

Vou dizendo a lua o que sinto:
“Ela é tão bela quanto você”.
Sentido ciúme, a lua chorou.

Sinto-me fascinado só de ver
Quero pegar a sua mão e dizer
“Te amo e não quero perdê-la”.

Sua presença é um grande prazer
Já fazendo parte do meu mundo
Nunca mais outra irei conhecer
Não te largo, mesmo que por tudo.

Assim...

E em branco que numa noite termina
Minha menina, o som estabelece, ou se foi...
Bate num ritmo descontrolado, fato,
Lembro profundamente cada momento do dia.
Olhar em seus olhos, um preço de perdição.
Na virada, evapora, vai embora as horas
Sem entender, recolho pedacinhos de palavras que,
Foi-se, foi-se, foi-se da minha memória.

"Amor pra toda vida"

“Encontrei um amor pra toda vida.”
Assim se contemplou;
Pequenas palavras que já diferem o fato,
E em amar tanto.
Difícil entender esta gramática sentimental
Que há em cada palavra,
Que formam poesias e canções.
Transmitem pequenas emoções em ciclos.

Infelizmente o meu não foi assim,
Amor, acreditei que tudo daria certo
E não em erros, sucessórios imprevisíveis,
Estaria mergulhado num doce de prazer
Foi marcante, porém já passou
Sinto-me um pouco saudoso
Era um dos amores que teria
E nossas vidas foram simplesmente...
Chutadas pelo destino.

Tal Sombra

A sombra esconde em seus trajes
As suas origens das trevas
Aqueles olhos que não consomem verdades
Escorre uma dor, e não era por amor,
Mas a essência de sentir apenas.

Futuro, filhos, estes são o futuro,
Não consumam da mentira
Pois nela se encontra o vício.
Conhecido por ele mesmo,
Este quer você, mas feche os olhos,
E escute a música
E este olhar obterá esclarecer a verdade
Que o outro olhar aberto tende ser mentira.
Não, não culpe a vida, a vida é você,
Como a sombra vem lenta, e tal barulho,
Tu... Tu... Tu... E pronuncia:

“Tu és condenado meu, vem sentir a dor
Que a vingança, meu ópio, sou seu filho,
O filho o qual não criou, pois eu era seu,
Agora você é meu, em vulgo traje...”

Te adoro e nada mais

Desejo-te mais estrela
Lá no meu céu
Tanto sonhei buscar
Para irmos juntos...
Também brilharmos
Trazê-la como lua
E mantê-la acessa
Venha aqui esta luz.

Temos a mesma dor
Temos a mesma cura

Ainda que não a vejo
E o dia ainda será feliz
É só saber que estará lá
O horizonte não nega
– Te adoro e nada mais.

Em meu Céu

Este mundo de tão poucas estrelas
Preenchido com seus olhares
Completam este céu vazio.
Desejo não vê-la em lágrimas
Para não chover nos meus dias
Em que aguardo este sol.
Sei tão pouco de seu brilho
Pois é tão jovem e misteriosa luz
Honrado só de vê-la em meu céu.
Conheci esta magia de alguém
Tão amável quanto o próprio amor
Não sou poeta, nem cavalheiro,
Mas basta um sorriso teu
Para que este céu me deixe feliz.

Este Vermelho Sobre Sombras

Quem diria ser de uma flor
Não era primavera e nem era dia

Quem diria ser de um coração
Não corria ali sangue e nem batia

Quem diria ser de uma maçã
Não viria de uma árvore e nenhuma fantasia

Quem diria ser de um rubi
Não tinha preço e ninguém venderia

Quem diria ser de uma paixão
Não era romance e nem enlouquecia

Quem diria ser de um fogo
Não queimava e nem apagaria

Quem diria ser de uma arte
Não era uma pintura e nem poesia

Quem diria ser de um lar
Não estaria em casa e nem mudaria

Quem diria ser de uma luz
Não era do arco íris e nem brilharia

Quem diria ser de uma estrela
Não estaria no céu e nem morreria

Mas sim ser de uma linda mulher
Com esse vestido em uma noite de alegria
Este vermelho sobre sombras

Aristogato

Nos telhados de casas, caça ratos
Gato dissimulado, tão gatesco.
De olho no alvo, o aquário, nos recatos
Com poses de um barão, o total fresco.

Senhor gato e seu miado, é estranho
É arisco de cor preto, palaciano,
Não escapa do azar, talvez o apanho
Por estar se fazendo ser humano.

Quem tem curiosidade como tal
Cisma como nenhum outro animal
Não resiste, e não teme seu destino.

Diversão é seu lema, o felino
Faz de conta que vida se tem sete,
Finge aristocracia, mas é valete.

Espelho meu

Fábricas de árvores,
Tintas de terra,
Estou fora da realidade?
E o mundo... O mundo...
“Sonhamente.”

Raiar Azul

Ao raiar vi a imagem mais linda,
um novo dia, uma nova estrela
diante da sua torre a princesa...

Duas cartas entre a noite,
uma vida parece ser curta
para quem nasce nunca morre.

Alguns sabem ver além do horizonte,
outros sentem, eu estou aqui
por sua sede de atenção...

Antes de alguns renascerem,
outros fogem, outros ligam-se,
um canto define a vida.

Canon

Este som caloroso da vida
Todo tempo, toda hora, todo dia
Coração que é amor, não só lida,
Como quem torna puro uma via,
O silêncio da alma alegria
Tanta luz, tanto amor, tanta vida.

Solitude

Há um lugar onde possa encontrar
este outro que não eis a mentir,
se da paz que faz me deitar,
não encontro neste mundo infeliz.

Nessas noites com a lua indagar
belo anjo sem asas cair,
um rumor que queira afastar
qualquer algo que faça feliz.

Não seria este canto de amor
solitude que guarda em meu peito,
se não fosse causada por dor
seria um amigo mais que perfeito.

Só sonhos eu tinha,
este vazio ainda está aqui.
Se é uma vida inteira
Em busca de alguém
que sabe compreender?

Pra que sonhar se não posso dormir,
as noites me trazem tristeza até aqui.
Pra que sofrer se não posso amar,
a metralha ruge na guerra de enganar.
Pra que sorrir se não posso lhe ter,
o que vale a pena tentar outra vez?

Cruzada do Inferno

Depois da Cruzada do inferno aonde foi?
Declamando com sorriso declarando seu amor.
Depois da Cruzada do inferno aonde foi?
Desafiando mares tristes, enfrentando seu temor.

Leve-me vento pra aonde for...
Num mundo perdido, pra onde for preciso.

Depois da Cruzada do inferno aonde foi?
Lutar contra o diabo a não levar seu amor.
Depois da Cruzada do inferno aonde foi?
Buscar a sua glória e renovar seu temor.

Leve-me vento pra aonde for...
Num mundo perdido, pra onde for preciso.

Entre os sete mares e todos segredos,
entre a coragem e o medo,
navegar é preciso
e viver só depois.

Ao descobrir que estava perdido
dentro do meu coração,
era paixão que não deixava
de querer você aqui...

Me mate ou me aceite,
pois fui pego pela doença
que não tem cura.

Adeus

É apenas uma dor...
No qual ninguém curou-se logo
É o pôr-do-sol...
É a triste carta
É o nascer das lembranças
Um dia que se foi...
Uma noite sem estrela
Em que diremos...

Melancolia

Nas tormentas do mundo todo viram
Que existe nada igual a um coração
Um coração que seja partido, uma fração
Dividido entre dores que o fizeram.

Pedaços fragmentados de uma vida
Por estigmas que marcam todo corpo,
Corpo feito de vento, luz e fogo;
Aquela que se sente tão perdida.

Deixados por estranhos que prometem
Libertar esta vida que só chega,
Não vê a hora que ele parte e vai embora.

Esquecido de lado esta promessa,
Coração junto a alma não se entendem,
O coração explode e a alma se vende.

Manifestação

Se crê que logo algo existe
Persiste, e logo aparece,
A todo acaso persiste
De caso ao ocaso parece
Em que ainda nada não é todo
Um resultado ou um método.

Há aquele termo casual,
Inspirador pra um poeta
Aspirador pra um poento

Não diz o poente o momento,
Sim diz o poeta hora certa
Coisas de encanto e de alento
Inspiração cá desperta
Se crê que logo algo existe
A poesia logo persiste...

Leve-me

Leve-me vento
Para onde for

Leve-me...
Que abrireis minhas asas da liberdade
Pois sou leve, eu me sinto bem assim

Leve-me
Para aonde for
Ao meu amor
Ao meu terror
Seja como for
Mas leve-me aonde for

Leve-me vento
Para o paraíso perdido
Para o inferno escondido
Apenas para esquecer esse mundo
Leve-me vento...
Leve-me...

Têm Dias

Têm dias que são todos iguais;
Têm dias que são todos iguais;
Têm dias que são todos iguais;
Assim como os meus versos.

Doce Sonhador

Quem fez de mim um sonhador,
Nascer de suas palavras.
Encontrar na sua própria dor
Um ser que não vale nada.
Vim de suas lágrimas raras
Um pedaço de sua alma
Invocado por trovadores,
Destruidores de sua calma
Tenho a doçura pacífica,
Mas amargo quando precisa.
Da terra distante não vista,
Faz labirinto do nosso mundo.
Em tudo não há nada...
Em todos não há tudo...
Não é preciso sonhar para encontrar,
Basta acreditar que estou ao seu lado.

Súplica

Sonho contigo sereno júbilo,
É que aos dias sou mágoa
Nas mãos um doce pueril
De quem tanto sente falta.

Sou verbo nos seus lábios
Quimera à madrepérola
Formal afã rogo em plenilúnio,
Lúcido ao canto dum anjo
Ao meu vil em ser poeta

Toca-me como fosse harpa
Cria-se o primeiro homem
Apanhado num laço valquírico
Entoando mítica rapsódica

Seria este coração pérfido?
Ou um símile perfectível
Adejo sem guarnecer minha gupiara
Flechado num sonho dogmático
Ferido no paraíso doentio
Caído nos teus braços de amante

Neste clichê de viver celso
Talvez seja esse meu objetivo
Acredito nessas asas volúveis
Em uma forma refulgente

Não sou selenita meu astro
Atravesso por um cometa errante
Hospedo no sol para senti-la
Desta queima fulminante rutilar
Libertando-me da escuridão sádica

Seus passos que me guiam
Dança luzente de esperança
Mas que prendeu-nos inocentemente
Nesse sentimento de culpa

Fisgou-me apenas com um olhar
Amavios duma beldade desigual
Sentiu que o bater dum coração simples
É a mais profunda prova de amor
De qualquer mudo, cego e surdo infeliz
Onde mora esperança rara

Sendo escravo do destino
Cujo menino aprende amar
Peço apenas tua graça
Desejo-te o bem maior serafim

Não me vejo com este outrem
Ao dizer voe e encontre alguém
Se me deste asas, por que tira-las?
Recebi o dom divino, por que perdê-lo?
Aguardo, sendo assim, uma chance de viver. Ah súplica...

3

Era uma vida,
Poderia colocar em risco,
Ou até mesmo perdê-la.

Eram duas vidas,
No momento que era visto,
Esconde ao mantê-la.

Mas a terceira,
Era do nome perigo,
Um amigo, e não tê-la.

O Tempo Levou

É como poeta jogado ao inferno,
sem ter amor estará perdido.
São como rosas camufladas de dores,
as cores fingem ser um paraíso.

É como uma faca cravada no peito
ao despedir do seu amigo.
São como ter dores intensas
ao estar de coração partido.

O teu silêncio me causa dor
ao que sinto não tem valor,
numa carta que escreveu,
tempo levou as palavras daqui
e não posso mais responder
o teu amor...

Razão...

Quem derrubou a minha estrela?
Qual o brilho era bela, nunca feia
Fechou a minha ferida em meu caminho
Aurora em chama, mas nunca em certeza
Mas com que asas pode voar?
Se voar com quem ela abriu?
Se como flor é o amor
Que floresce, e some o vazio

Como quem chora, quem nunca riu
Como quem implora, quem sou eu?
Que no tempo o lapso nunca erra
Se errar a flecha, ela volta até aqui

Clamo com tudo o que venha ser
Se é tal amor, que no amor eu venha
Se é meu bem, que o bem seja
Que é a graça, que é beleza
Que é rara, que és princesa
E no teu seio divino, a cura
Da minha sede eterna de viver

Ainda Espera...

Falta-me palavras, do mesmo jeito continuo
Estou num espelho quebrado, um coração...
Se este pedaço que faz parte do meu sonho
Deixei em cair nas mão de quem esperei.
Esperei... Mais uma vez, arte de esperar
Como em lágrimas viestes, e com sorriso...
Não voltou mais, deixou-me no relento.
Talvez voltou para aquele que te fez...
E que me fez indagar, a dor, e ainda aqui
Se não te lembras como qual dor estivera
Que em lágrimas a trouxe, lembra...
Diz-me que lembra o que me pediu,
Repita a cada dia, veja se é capaz?
Não me diga o que é compreensível
Se o teu empreendimento é não cumprir,
A esperança não é tão velha por esperar
Mas a dor que me trouxe saiu dos teus ombros
E me deixou como Atlas agoniado
Tenho agora tua dor, és agora a minha dor
Podia ter tudo que era teu, mas...
Um somente me libertaria desse peso
Esperança não me faltou nenhum pouco
O que me faltou, o teu amor...

Oitavo Dia

Flores anunciam luzes da nova estação
Cores vibrantes rosa da doce emoção
Arrefece alva neve que fora cedida
Faz a dor ser palavra tola já esquecida

Agitam entre folhas que sabem dançar
Mesmo os ventos agora não devem parar
Entrelaçado tempo que meça a mudança
Não teme, pois a hora é que nem uma criança

Além de uma princesa que adora cereja
De encantos a beleza espera que alguém veja
Segura em cada ramo um novo destino
Ainda deve encontrar um galante menino

Ao passo do sorriso que nasce amanhã
Um raio que atravessa alma e morde a maçã
Nasce do novo amor que era antes proibido
Ciclo da primavera um segredo acolhido

Síntese

Ao conhecer alguém quantas dores serão reservadas?
Nem tudo pode ter um suporte, quem somos então?
A ser casca de alguma coisa, e coisas são misturadas...

Se estivesse o silêncio dentro de sua alma, ou não
Qual medo deixaria descoberto por tal de um segredo
Quanto o somos? Perdemos o pouco... Um dia voltarão?

Quem conhece melhor o amanhã, chegará talvez cedo?
Um nome corresponde tudo que define existência?
Não desespere, não grite, não chore, não tenha medo...

Até parece fácil dizer pelo som a sua essência
Esses olhos revelam dossiê da mentira e maldade,
Esses lábios seduzem qualquer anjo a ter negligência.

“Não, não, não...” É a palavra mais ouvida, assim se faz grade,
Quando vem o desespero, destroça qualquer um na frente,
Seus sonhos estarão desligados, é a dor e a verdade.

O ritmo toca a alma e vibra, ampliando tudo na mente,
E corre em direção ao infinito nas mãos desatadas
Quando sentir o fim, este seja o começo realmente.

Snowberry

Ela fugiu para um reino encantado
– Cinderela não fuja do destino!
Na neve cada passo era marcado.

Teimosa descalça, confusa, amava...
Meia noite era impossível voltar
Agora odiaria tudo que sonhava

E tudo vira um passado imperfeito
Né?! Então alguém te espera voltar
Ainda pensando que nada havia feito

Mesmo os fones tamparem qualquer som,
Sua música preferida enterrada
Feche os olhos, se cobre no edredom.

As fotos parecem tão coloridas
Juntos no melhor momento da vida
Sentirá falta das doces mordidas

O futuro distante, não diga: - “ai”!
E tudo vai ser diferente agora?
Lembrará somente daquele “bye bye”...

Outro Verão

No fim de uma tarde as nuvens se põem,
partindo ao mar o amor também foi.
Deixou-me uma carta dizendo adeus,
tornou a saudade numa chuva de verão.

Mais uma noite sem ter meu amor,
contando pra lua a dor que deixou.
Mesmo tão longe eu sinto sua voz,
nossa alma ligada nessa noite de verão.

Mesmo distante, mais um dia sem sol,
além do horizonte te espero meu amor.

Suas Palavras

Em meu templo onde orei os teus versos
Com esses ventos que levam mensagens
Que contemplo esta lua que observamos
Nesta mão que cria contos diversos
Um deserto de densas miragens
Faz das noites de amor que encontramos.

Alegria em que passo a sentir
Teu sorriso tão belo e tão doce
Esse doce que tanto desejo
É um pedaço do céu que está a cair
Mesmo ainda uma noite que fosse
De uma lua com a forma de queijo.

Em meus sonhos segui os teus passos
Pelo menos em sonho alcançar
Afundar nesta doce ilusão
Só desejo encontrar os teus braços
Quando acordo não posso voltar
Os momentos que nunca houve um não.

Do teu Amor

Se esse teu sentimento não é leal
Este ego que guarda contigo
Não pergunte a mim teu coração
Quanto amar necessita ser real
Quanto amor que nos falta, qual digo
Que teu erro seria compaixão.

O que tenho a dizer é o bastante
Já foi feito e não volta aqui mais
As promessas que nunca valeram
Faleceram num caso de amante
Todo amor que não tive, e jamais
Um amor ou paixão voltaram.

Ao dizer do teu amor egoísta
Sua paixão não é do amar verdadeiro
Um amor aos quais todos o sonham
É uma cena da vida que assista
E quem vence nem sempre é o primeiro,
O que eu quero nem todos o alcançam.

Frio

As luzes noturnas que guiam os perdidos
ouvem-se passos de estranhos por aí
a garoa não cessa, a garoa não para, a garoa
ao frio anestesia qualquer um que passa

Na estação dos trilhos de ferro o silêncio
deitado sobre os bancos, sem tatos
dor não clama mais, nem reclama
anestesia de meme é a rotina diária

Sonoros motores digestivos que tremem
as almas podem ir mas o corpo não
ilustram os concretos de todos os lados
petrificam e compõe parte da paisagem

Sob o esmo eterno cai redento em torpe
uma máquina automática subserviente...

Feição

Que diga a primavera, amor no horizonte
Dela vier uma flor que é fonte sagrada
Contudo vem com tudo alma rosada
Tua cruzada um sorriso a quem o defronte

Abre a porta depois de bater alguém
Seria este um ardil, não avisa quem seja
Mas a tua recepção não é de certeza
Olha quem ama nunca sabe o que vem

Atravessa num raio de cor violeta
A noite misteriosa sempre permeia
Uma coruja à vista que há na lua cheia
O reflexo que vira uma borboleta

Enquanto que tem nota que não há tempo
Outro é como a vida em todo lavor
Assim forma harmonia de seu autor
E a musica toca em seu contratempo

Segunda Carta

Depois de caminhar muito meu bem,
Tenho uma bela noite pra sonhar.
Assim mesmo a distância foi também
A causadora em nosso mal estar...

Fecho meus olhos para ter certeza
Que nesse mundo não há nada igual,
Tudo que sinto por alguém seja
Mais verdadeiro do que já é real.

Ah, como quero estar, amor, contando
Sobre meus sonhos que não deixo voar,
A cada parte anoto quase em pranto.

O frio da noite está ferindo tanto,
Mas a saudade vem aqui lembrar
Deste motivo qual estou trilhando.

Solitude a Soneto

Perpétuo como a dor, sentimento vazio
É sempre de um amor que queres consumir;
Não nega dizer te amo para quem partiu
Nem mesmo para tantos que poderá vir.

Se faz dessa virtude o melhor do silêncio
Nesta vida que ilude, vem ser tal quimera,
De palavras que saíram o valor da ausência
Como folhas ao caírem na vil primavera.

Lugar onde fez eco do amigo dúbio,
Apenas um espelho que vem da própria alma
Onde guarda reflexo em força do refúgio,

Parece ser imensa peça de saudade;
É preciso expedir com tempo toda calma
Há aquele que não vença o ser da soledade.

Ficções

As flores, as estrelas, os campos
De belos por encantos de amores
De tempos tão distantes de fados

Somente o gosto perde nas flores
Nem vem, acreditemos nos santos
Paixões de um mal querer sem valores

Nascemos, e vivemos, e vamos
De encontro, e sem encontro se fores
Colher do mesmo fruto sonhamos,

Procura em algum canto favores,
Amores que aparece de tantos
Negando ao seu prazer novas dores

E sempre encontrarás sorriso em meu semblante,
Mas deste fizeram-a máscara das lágrimas...

Noites

Seja minha fonte eterna
Pra que nela acabe a sede,
Minha noite na taberna
Quando a sua bebida pede.

Nota-se quanto te quero
Somente a quero e mais beijos
Desejo infernal venero
Satisfazei meus desejos!

Daquela noite à beça
Talvez nunca mais terei,
Sou feito agora de inveja
Ao outro que se tornou rei

Pra que amo minha amada?
Ser jogado como um lixo
Minha alma sendo julgada
Assim como foi a de Cristo

Nas noites de quando a espero
Este anjo a quem tanto chamo
Não aparece e desespero
E imploro ao dizer que te amo.

Bulle bleue spécial

Bolha azul, uma estrela cadente à vista.
Universo infinito, uma lista sem fim
Ligará um lugar inspirado ao artista,
Libertando-se o nome indizível em quando,
E estaremos aqui, desde sempre um jardim.

Brilho azul, toda vida que está se formando
Lograria mais um pouco do espaço apertado
Em disputa de quem tomará o comando?
Uma nave automática, sem mecanismo
E nem para, nem cansa, é grande este fado!

Sonho azul, que lugar em gracejo num abismo
Pormenor, mesmo em caso o tamanho és linda
É do tempo, é a vida em sua cor, cromatismo!
Cinza soa diferente e tão triste ao painel,
Isso está para o fim, nem que seja bem vinda.
Alguns dizem que o mundo foi sempre cruel,
Lá o céu poucos viram, o azul vive ainda...

Liberte-se

Bem que a vida transforma, deixando sua marca; marcando seu destino...
O segredo é sagrado, o tempo é um legado na mão de um menino,
Reage... Tudo faz parte, – arte bossa-nova – ato de liberdade.
Bossa pra cada verso! Valsa a cada passo com docilidade
O seu olhar, um cegado está fora de estado, e, foi desencantado?
Lei natural da vida quanto mais se escolhe mais vira rotina
Extravase e liberte sua alma sempre um pouco, fuja dessa sina.
Talvez escape às regras contra a correnteza, contrariando o vento,
Ao sentir esse gosto nunca voltará, pois terá desalento.

Incógnito

Como todos sabem, o quanto precisamos dele
Ele é algo necessário em qualquer momento
Único a curar a tristeza, afasta qualquer medo
Aquece no frio, combate o crime, destrói o fel
Em um toque de sua inspiração faz a mágica surgir
Como todos sabem, o quanto precisamos dele
Faz confessar os segredos mais íntimos
Liberta da prisão que não tem grades
Todos o sabem dizer seu suposto nome
Tantos nomes para dar a este desconhecido
Onde muitos falam apenas o que sabem
Mas talvez nunca o tenhamos por sentido
Pois querem sua posse e domínio
Mas é o único estar livre, por isso nos liberta

Presente

A sorte somada à vida, um jogo do destino...
Venhamos à tona a ser doentes aquém jogados.
Em tuas faces as leituras, além de misturas,
Inventam honras e glórias, e maldito hino
Que não acordam, mas levantam pobres tão cansados.

Praças imundas, os porcos adoram enchentes
Sapatos velhos enfrentam a marcha do dia
Em nome da mãe que castra, e do pai que te mata
Aos poucos escutam ordens que vêm das suas gentes
Parelho de tal desgraça, uma doce ironia.

Nas inconstâncias daqueles que merecem dor
São nos egos coletivos das instituições
Que comandam alcateias, não somos plateia,
Nem te revelam segredos do tal escritor.
Na copa vem o cheque-mate das folhas e ações.

Fado

Dourada flor que nasce em cada vida.
Real símbolo do amor, a bela rosa,
Mitos ou contos, és vitoriosa!
Faz do mistério a fauna protegida.

Sol o qual nasce todo dia nos dá
Labores doces para a natureza.
Sinérgica e latente, ou em beleza,
Dormimos com as estrelas sempre lá.

Rente às dificuldades que se encontra,
Minha, a tua, é de todos o dever
Fazer o cumprimento e nada contra.

Solidários, a paz em nossa frente,
Lavraremos o verde a causa ser
Silente é a esta ação, e persistente.

Choque e Espanto

Chove choros, espasmos explosivos
jogos sobre mentiras, climas tensos
seus gritos sujos inundam a atmosfera
queda em queda num ritmo cardíaco

Não feche os olhos pra quem passa
a selva dos insanos afoitam súbitos
em cada lance uma fraude, uma tática
uma hora marcará o teu derramamento

Seu nome se chama medo, territorial
prazer, entrega-me o estresse diário
fuja se não estiver conosco, apague-se
todo nervo assalta a dor invicta

Cada batalha, a bala e a mente, exaustão
o retalho e os dependentes, o controle
um comando especial para a destruição
a arte criminosa que surgiu do inferno

Fim de Outono

Antes de sentir o frio que me espera
mesmo que Junho divida meu ano
partiu do céu um pequeno pássaro
pousaria entre os galhos já sem folhas

Antes o amarelo deitava sobre o chão
as folhas citavam meus caminhos
acabando assim a jornada das colheitas
mas ainda procuro um pomar secreto

Agora os ventos estão diferentes
as noites se tornam mais predominantes
a vida parece tomar um gosto amargo
ainda pouco havia uma graça do calor

Agora estarei mais adormecido
abrigarei entre os sonhos enterrados
espero que antes das flores voltarem
escape de qualquer cicatriz da mudança

O Céu

O coração às vezes nem sabe onde estou
minha lua cheia enche de enigmas
a tua estrela foi a ultima que vi
se a chuva viesse ao menos me esconderia

A mão que criaria os sons dos tempos
não toca mais a tua alma doce
a magia esqueceu do seu ritual
as cores foram borradas nos quadros

A mente obscurecida me engana
joga­me na ilusão dos sentidos
enfrento o pior inimigo da vida
a quem sempre encaro no espelho

Ó alma quem me dera o amor
soubesse a minha língua falar
qual ciência me explicaria melhor
o meu pequeno universo melancólico

E...

Como animal sem barulho não urro...
E se cada instante existo, não me liberto –
A pedra no caminho tem seu triunfo!

Na beira de qualquer coração um subúrbio,
Veja o tampão do dia e os pontinhos noturnos
O sorriso alegre de quem vive preso.

Ei! Preciso me soltar, tira logo eu daqui!
Simplesmente não sinto, sento, santo!
O presente é surpresa se conjugado
Agora!
A hora!
Não pára!

Com tua licença me torno ausência,
Eu – Silêncio! – me tira o acento e faço logo!

Cartas para amada

Cansado, nesta noite minha amada,
Ainda esperança faz parte de mim...
Se for mais um acaso, tenho o nada
Na vasta imensidão não existe o fim.

Minha esperança é tão pequena amor
E tanto espero estar em seus cuidados
Sou fraco, tolo e tenho toda dor
Como uma criança não conhece os atos!

Cada palavra forma em meu recanto
Um ser amargurado contra o tempo,
Se contra o tempo nunca existe um santo.

Como as estrelas tomam seu destino
Meu rumo, minha trilha eu mesmo invento
Mesmo que o mundo seja ainda um perigo.

Sensação

Sabe aquele garoto “keiki”
Talvez é anjo, talvez é menino
Abriu a porta, outra porta e mais outra!
O que importa, só quero daqui
É rimar, e ri mais, com carinho
Versos para uma doida, ah garota...

Ah menina marota o que importa
Estas portas que sempre fecharam,
Um amor quer entrar nesta fresta
E não esconda por trás duma porta,
Estas portas que sempre negaram
Mais um outro convite na festa.

Custa caro o sabor de morango,
Chocolate bem junto na encosta
E juntar num sabor que desejo.
É o sabor deste beijo que gamo,
Se não for pela porta, o que importa!
Entro pela janela e te beijo!

Escuridão

Contei as estrelas numa noite premissa
Tão obscuras como a razão da existência
Se soubesse, não teria motivos, nem encantos
Um simples hábito das inquietas sombras.

Vinde então Vênus, das lágrimas ao sorriso
De alma cândida, aproximou-se ao pé de mim
Alcunhando-me, serenamente, Senhor da Noite
Um dever amargo, se soubesse, melhor não conhecendo

Sou senhor do meu domínio, não da noite
Não há motivos que me põem a outra razão,
Apenas vago, recluso, frio e soturno
Por qual razão maior viria ao meu encontro?

Com poucas palavras ela mudaria o mundo;
"Sou apenas uma, preciso-te para existir
O que seria de mim sem a escuridão,
Qual paz maior teria para uma estrela?"

À Inspiração!

Nem comecei a poesia como ”bom dia!”
Deixemos cumprimentos pra depois,
Logo que esse andamento nem se pôs
A saudade morria numa alegria.

Queria tanto este novo verso e louvo
Somente pra dizer quanto esperei,
Não minto ao responder o que aguardei
Para ser poeta a todo tempo todo.

Que me deste soneto por ser nobre,
Recebo todo verso heroico e seco.
Não desejo que seja em rima pobre

Mas nem tudo o que vem de ti prometo
Pra saber quanto o poeta luta e sofre,
Faço de ti um assunto no soneto.

Mel

De repente, tão breve se torna infinito
O gosto de seu amor, que abrasa e faz veneno,
Com tudo o coração que antes era pequeno
Encontra-se tão grande, tão forte e tão pleno!

De repente, tão breve se torna imortal
O fogo da paixão, que explode sem ruído,
Contudo, o coração que antes era perdido,
Esse agora que vai mas que não foi partido.

Mel, ontem e amanhã mas nada como hoje,
Esvazia do meu peito um grito alto de guerra
Libertando-me todo amor que nunca encerra.

Mel, ontem e amanhã mas nada como agora,
Em cada flor encontro um pouco do seu amor,
Lírios, camélias, rosas... E voa beija-flor...

Ao Menos um Som

Ao menos um som se enche de abstratos,
Grandes suaves desejos num longínquo mundo
Mesmo céu todos os dias, exilado na escuridão
Sob paisagem fingida nasce um poeta

Além de sonhos, de suas figuras doidas,
O desespero atormenta nas noites abandonadas
Num papel branco a mão não obedece
Nem pousando mais vezes nesse ritual.

Ser dono de si é um silêncio ouvido,
Seu lugar que não seja a sua casa
Onde dance sem música num teatro insepulto
Nas fileiras das mágoas, dos tédios, das dores...

Sabendo-se que um coração é um partido
Luzindo no cansaço, e ainda viver
Que está em todos os lugares, o dia de hoje
Os que ouvem saberão dizer o que sente.

Um Amor

Sufocado prazer do momento,
Bela fada seu toque me ascende
Entregado aos seus pés, assim rendo,
Minha amante então mate esta sede.
Como quero teu beijo princesa
Que é do doce sabor de cereja

Quero a noite sentir seu alento,
O seu charme de dama pedindo
Um desejo tão forte que tento
Esconder o perigo do instinto.
Abra as asas, libere seus dotes
Minha amada, que venha o deleite

Venturosa, seu garbo me tem
Como dona do amor como Vênus
Um olhar, o desejo que vem
De paixão à loucura te tenho
Fulgurante momento ao calor,
Teu consolo em meu peito, um amor.

Tua Partida

Sol aparece, ainda está frio
Um fim de tarde sem desejo,
Mesmo assim parte no teu beijo
Um dia sem hora que sumiu
Aos poucos deixa o teu sabor
Num pôr de sol que não tem cor.

Estaria longe este momento
Nem mesmo o tempo a dor levou,
Ainda contemplo o que passou
Das estações que mudam o tempo.
A tua partida me fez triste
Todo momento inda persiste!

Sonho contigo a cada dia,
A cada dia foi mais que amiga;
A melodia que faz a cantiga
Que pintou as tardes com harmonia.
Esta saudade que inda restou
Com esta tarde se unificou...

Poucas Notas

Poucas notas nesta canção
Recordando meu passado,
Por amor tinha guardado,
Deveriam sumir mas não...

Mas agora estou magoado
Em memória do passado,
Sinto dor e sufocado
No relento em ser calado.

Soa tão triste a solidão,
Toda cor sem vida ecoa;
Todo tempo passa a toa,
Deveriam sumir mas não...

Em um ritmo lento a tarde,
Noite engole o tom vermelho,
Soa-me outro tom ao vê-lo,
Nenhum som se encontra a parte.

Neste piano a minha mão
Passa um tom desafinado
E sabendo que está errado,
Deveriam sumir mas não...

Pobre Inseto!

Clara lua que jurou ser verdadeira...
Pobre inseto! Hoje a lua não se encontrava,
Nem toda luz é luz da lua que estava
E de tanto girar, cai de canseira.

Inveja o vaga-lume este coitado
Que conseguiu pegar aquela luz,
O destino talvez não faça jus,
Tem predador que fica sempre armado.

Considera fronteira a cada mundo
Os vidros que te causa confusão,
Sem destino parece vagabundo.

O perigo se encontra num trajeto!
Esta luz que lhe trouxe orientação
Coitado, foi esmagado! Pobre inseto!

Indaguem aos Ventos

Indaguem aos ventos o tempo,
Órfão dos segredos mais íntimos,
Este homem que ainda é menino
Não sabe julgar o que é certo.

Indaguem aos ventos a vida,
Aquela que veio do sopro
E sabe que o tempo de pouco
Torna-se difícil sonhar.

Indaguem aos ventos o amor,
A qual todo mundo o bem quer,
Faz de solução para a dor
Mas esta que é a causa da própria.

Indaguem aos ventos o mundo,
Este que se torna maior
E mesmo que digam o inicio
Nunca saberão o seu fim.

Indaguem aos ventos a paz,
Sacrosentimento amistoso,
Se novos dias cercam o mundo
Em qual direção seguiremos?

Ode à Sofia



"En toi je tomberai, végétale ambroisie,
Grain précieux jeté par l’éternel Semeur,
Pour que de notre amour naisse la poésie
Qui jaillira vers Dieu comme une rare fleur."
- C. Baudelaire, L'âme du vin


Numa noite de estrelas, o Hipnos tocou minha alma melancólica
Já sabemos que o sonho são imagens da mente e consciência simbólica
É tal matéria-prima da imaginação, tem como lapidar
E quem guia o coração, a paixão e a razão tem que se equilibrar
Que seja ouro ou diamante, o último será o primeiro, eis o amor
Luz da vida, transcende qualquer seja a forma, até mesmo o seu autor

Como deves saber, este é o meu monólogo com as estrelas
“Ora, ouvir estrelas?” O poeta sabia! E só é triste não vê-las
Mas em sonhos estou entre elas, pois de lá que veio a minha essência
Compõem meu corpo sólido, e atravessou o tempo em sua fluência
Pois veja o que sou agora, uma coisa do mundo de certa maneira
Quão tão longe estou, que produto afinal reflete a mesma inteira?

Deito-me eternamente em seu berço esplêndido por sua natura
E peço o teu consolo, ó mãe desconhecida me tire a tristura,
Um grão filho, um rei sem coroa, ainda menino, o velho peregrino
Entoa a canção dos bardos, e dos trovadores o perdido hino
Nem tão longe da vossa graça, nem tão perto de vossa beleza
Apresentou-a de si mesma, amada Sofia, sua própria natureza

Fiz da minha alma a tua morada, o seu castelo, o nosso lar poético
Então que seja idílico ou seja punk, natural ou sintético
Aqui já não jaz morto, som de magia, jazz e valsa, ou de boleros
Tal noite negra Orfeu tocou um blues, e fez a bossa nova de Eros!
Porém, já muitos sóis eram passados, hoje então navegaremos
Por sonhos nunca antes devaneados, sobre as númens passaremos

O teu mundo é tão grande, e o meu tão pequeno, Sofia o que somos?
Por isso fui a Pasárgada, infeliz estava eu preso sob os domos
Pois voltei de lá rei, depois que descobri o paraíso inventado
Reflexo do jardim criado por estética e mito passado
Para o alto Parnaso depois eu parti, e as musas visitei
Que inspiraram as virgens, tal como Apolo criei um jardim que fitei

Da fonte de Castália bebi, e de ouvir apenas me inspirei
Mergulhei em tuas águas, e olvidei das mágoas as marcas que deixei
Com a lira de Apolo um legado pra Orfeu, pois quem canta compõem
Quem compõem há de ter um espírito poético assim como Poe
Assim como o sol se põe, do outro lado ele nasce, do oriente ao poente
Pois rio que nasce ouro, pela noite à luz do poeta é latente

Ouro e boro de igual ao de mercúrio doce também já tomei
Sobre a lua argentada lucífera torna a si com lauras rei
Da taça dionisíaca o louco se faz torto dentro dos espelhos
Sangra ao vinho o alquímico processo real de tons azuis vermelhos
De sua força a coragem de um leão que do ruge o céu fora azulado
Serpenteia o destino da orbe amarelada com véu esverdeado

A chegada da noite que anuncia os fios que tecem estrelares
Vem Sofia! O teu amor com os meus olhos ter o bel-prazer lunares
A paz que consegui através da tua alma mater inebriante
Aconchegar em braços de ninfa, carícias de uma doce amante
Receba-me ao encanto, aos toques de afagos no âmago de ser
E quem ama não teme nem a escuridão e nem teme morrer

Com chocolate, vinho e mel tua rubra veste alegra como delícias
Sabedoria estimada, ser da intimidade que me traz carícias
Que preza a real bondade erotídeas, e bebe ares ao qual liberta
Apaixonadamente inspirada com mil rosas é a tua coberta
Vem incerta ao amor que se autodescoberta para quem desperta
Então não desespere porque a primavera será descoberta

Assim como Calímaco conta em seus hinos, temos jardineiras
Estas nascem das árvores, são hamadríades as nossas floreiras
Anunciam com tamanha alegria a primavera em sua festa chegada
Com seus jogos florais e píticos em tua homenagem amada
Dispersam prantos quando da queda das folhas, assim despetalam
Formam forros macios quando nós dois deitarmos elas vêm e badalam

Coração marca o tempo como as notas aéreas de Bach palpitaram
Ao balé dos gracejos das sílfides, curam dores que passaram
Nos afetam orvalhos que fulguram asas da imaginação
Gotas de chuvas feitas de hidromel que caem, e confunde a razão
Vinde o maná da vida, o secreto elixir em lazúli e rubi
Pedra filosofal dos amantes, das doces amritas bebi

Ao teu lado Sofia, minha imensa alegria, sejamos almas gêmeas
Nosso jardim tão belo com todas as flores, com todas as gemas
E com todas as cores, a nossa simbólica seja octarina
Façamos dessa história o arquétipo áureo do amor qual destina
Tenhamos mais que mil e uma noites devir em nossa eterna flor
Assim seja no céu e na terra ligando estrelas ao esplendor