Rosier

Sob a constelação de aquário ela nasceu,
Essa rosa era branca meu bem, meu amor...
E tinha um jeito manso e elegante só seu

Que te fez flor em flor e nenhum beija-flor.
Assim mais tarde surgem os teus espinhos
Com as feridas que a vida te oferece ao frio,

E frio ao tempo te faz mais carente aos carinhos;
Mais sedentos aos toques! Segredo sombrio,
Com as mãos que te lançam aos seios da morte

E fazem desejar a existência secar-lhe
Entre os dedos, ardor que resiste ao teu corte,
Frágil rosa, que a noite o sereno te orvalhe.

Pois amanhã tornar-se-á a rosa vermelha,
Sangrada foi, e do próprio sangue beberá:
O gosto do teu beijo molhado te espelha!

Como sol, eis a fênix que renascerá
Outra vez, sob os cantos de um Orfeu frecheiro.
Arrancará botão por botão de sua rosa,

Ainda que entregue a mão de um amante floreiro
A polpuda dá néctar, corola cheirosa, 
Mas como todo sonho, desabrochará…

Enquanto a mancha rubra se faz vinho tinto,
O ritual que traduz e se contemplará
Enquanto verso a(o) verso é um quadro que pinto.