Uma Criança

Há uma criança dentro de nós
Que chora toda hora e não escutamos
Esquecemos dela pela vida, pois já crescemos
E ela está sempre presente, e lá ela mora
Até quando deixaremos ela por lá
Não sabemos, mas às vezes a escutamos
Em sonhos, na esquina, e alguns momentos.

Mística

Há um lugar especial, junto às estrelas
Quando fechamos os olhos, é lá...
Se chamaria de paz o eterno brilho
Onde não há sinal de nenhum medo.
Verdade ou mentira não faz sentido algum,
A luz nem escuridão polarizam mais nada;
Um templo infinito é essência do cosmo.
E nenhum livro resume uma história,
A palavra é o momento pelo momento
E o verbo a própria alma do universo.
A flor se abre quando um ser nasce,
O amor é ordem do principio ao fim.

Ain Soph

O mesmo deus escrito
Não é o mesmo deus,
Pois que desde sempre foi,
É, será sempre indizível.
Mesmo o maior grau de conhecimento,
Não há nem o começo de seu discernimento.

Aurora Dourada

Se não és um dogma,
O que seria uma religião?
Um caminho a seguir,
O que dizer da iluminação?
Nego qualquer devoção!
Prefiro o viver no devir.
O uso constante da razão
Ao amor símbolo da vontade
Que não impõe, é justo e mútuo;
Um elo natural que não se aprende,
Nem se cria, mas acontece.

Qliphoth

As raízes de uma árvore imensa
Se transformaram em trilhos de ferro
Onde logo passariam suas locomotivas
Cheias de demônios sorridentes.
Os trens escuros moviam insanamente
Aos vapores que desenhavam a morte;
Ao barulho que pareciam imensas risadas
De tão hipnótico quanto encantador,
O destino convidava ao doce inferno.

Um Sol

O amor é um só,
Já fomos.
Nós seremos,
Somos.
Amor bom de cada dia,
Carpe Diem.

Aura

Um campo que nos envolve
É o mesmo que está dentro
Nem notamos sua manifestação
Mas nasce do interior da gente
Às vezes uma ilusão sadia
Às vezes um holograma mental
Talvez um campo de irradiação
Talvez uma mera impressão
Não deveria ser vista na realidade
E num sonho é a forma mais viva
Quem sabe um outro sentido

Desligar

As religiões são um vício
Castradoras de nossa natureza
Causadora de bonecos humanos
Que seguem um manipulador às cegas
Cultuam um ente criado do egoísmo
Além de dogmas como receita
Seitas movidas de proselitismo
Com suas falanges obscuras
Julgando a luz tal como inferno
Logo que estão do outro lado do espelho
Seus fundamentos são artes sombrias

Noite Incerta

Sob o teto a reflexão de uma noite incerta
O medo me apaga, sou filho da tormenta
Chorei pela vida agora, e não sei o que mais.
Assusta-me se pensar que a morte está perto,
Toda hora esta imagem louca atormenta
E pressiona tua cabeça. E, sem ter a paz
Não consigo me mover, nem estar alerta;
Os olhos não fecham mais, a hora fica lenta,
Seu estado em colapso é o surto que traz.

XII

Não lamente por este
mundo humano cheio
de dor que carregas

Seu coração está frio,
e a alma desiludida.
Vamos levantar?

Mortais

Teremos que aprender a cada dia
Em vigília de amor e sacrifício,
O fogo que alimenta também cria,
E assim qualquer amante é um ofício.

O mito que carrega este ensejo
Simboliza em profundo uma jornada,
Beleza de uma alma com desejo
Não é para ser guardada, mas sim dada.

Constante e perigoso todo egoísta
Que acumula poder e sedução,
Sua retórica é arte, ora sofista,

Assim reclama posse de um objeto,
Pessoa taxada em preço e maldição
Não conhece nenhum valor de afeto.

Princípio

Era uma vez, o fim chegou, e não era feliz
Um conto de nada, sem graça, sem moral
Seria bom se fosse ilusão, mas tudo é real
Como a dor, a poética vazia, vida normal

Sem magia, tudo aos pedaços, sem junção
Amarga os sentidos, encarnação do mal
Mesmo assim persiste, e não tem final
Afinal é a morte que encerra o ser total

A realidade não tem preço e nem valor
Basta um cartão de crédito para tal
Hoje, dado a sentença do maior ideal
A capa é o único princípio em geral

Nem sei o que

Não sabe a dor que sinto
Isso é até comum de se ouvir não é
O mais engraçado é escrever isso
Tudo um pouco de confissão

Eu fui o tolo em busca de algo
De algo que me movia profundamente
Ora era amor, ora o divino, ora sentido
Tudo que pudesse extrair dessa matéria

Sobre o que eu nem sei o que sou
Diz o psicólogo que preciso ser
Eu perdi o medo, como também coragem
A vontade de nada é como a morte

A vontade de nada é dor prazerosa
Morte vivida que persiste na vida
Nem loucura seja, seria expurgante
Um pouco de tolice nessas palavras

Sentimentos

Sinto muita dor, a morte eterna
Dolorida frase, verso e verme
Gelo de Nilfheim, fogo de Jahannam
Dança e desgosto, canto angustiante
O fim nunca acaba, o pior momento
Um vazio infinito, constante sofrimento
Martelo que urge, rajadas de medo
Tortura da alma, corpo puro nervo
O coração não para... O coração não para...
O coração não para... O coração não para...  

Guarda-chuva

Eu queria escrever de uma maneira
Que soasse doce em teus lábios,
Ao qual o som flutuam como pétalas
E te faça florescer.

Ecoasse à infinitas estrelas
Numa miragem eterna;
Sob a minha face, toda arte,
Chuva de emoção caindo aquarela.

A flor amarela, amar ela
Alcançável para os dedos,
Mas inalcançável é a promessa.
Pálpebras molhadas me dispara;

Tempestade que chega e derruba
Desse sonho que não tive,
Dentro de uma angustia sem fim,
O que devo fazer? Então chove...

Essas gotas de melancolia
Em cada dia um pouco cede,
Minha sede de amor adoece
E a vida se torna estorvo.

Sem Cabimentos

Lar doce lar que mora dentro de mim
Sou templo, sou alma, sou o ser aí.
O amor é o fogo que contempla a vida;
O tolo é o ego que ignora si mesmo.

Já não basta um coração, ainda há razão
Tão sedento por alegria pra sorrir à luz do dia,
Como posso ser apenas um sem ti? Sem ti...
Sentimento parece não caber assim. Sentir...

Diga-me se é tão sincero quanta a dor?
Por esta ninguém finge a todo momento
Ser fiel e bondoso que é o maior teatro,
E todo fardo é mentirmos que somos livres.

Anoitecia

Adormecia no fundo das águas
Em profundos sonhos primordiais
A noite não era um tempo em nada
Era um ovo cósmico em silêncio

Despertaria de forma caótica
Lançaria energia tão branda de si
Que romperia da mesma extensão
De forma etérica com mil fontes

Infinitas ondas se faziam
Ciclos se formavam num instante
Cronologia abriu por sua genêse
E dentro do círculo o espaço

E no meio de sua entranha luz
Partou em todas as direções
Sem cessar ao que te chocava
O véu noturno tudo cobria

Nêmesis

Agora de manhã o sol não se levanta,
Estrelas continuam no mesmo firmamento,
E as derrocadas flores clamam seu destino;
Os polens hoje tornam-se envenenamento.

Natureza destoa, o conjunto de seres
Que sois? Que estrelas? Todos perguntam ao fado,
Fato de quem seria o causador de tudo?
Se há como ter controle do que não foi dado.

Os pássaros não vão além do céu escurecido,
As feras desoladas continham-se em guarda,
E aos mares lançariam a maldição na terra
Sob atmosfera o ar de fuga em dor ceifada.

Acorda humanidade triste e desolada,
Nunca visto o fenômeno que lhe aguardava,
Agora a hora certa do perpétuo inferno
O sol negro abraçou a todos nesta data.

Criança Esperança, só que

O representante do lixo era um menino
Determinado pela escola este papel,
O teatro era metanálise do excluído;
Representação do delinquente sem céu,
Pois seu horizonte não tinha direção
E o futuro estereotipado como cão.

Sua mãe sofria de uma certa patologia
A cama seu descanso eterno de prisão.
Ele era um de vários irmãos, vivia no chão,
Vida sempre fria, logo cedo entardecia
E o menino se viu num papel todo branco.
Se tinha tal boca suja porque era franco.

Remanescência

Tarde! Nunca a morte compara.
Ó miserável que há dentro de cada um,
Longe daqui! A tua jornada...
E quem saberia dizer quando esta dor para?
Então, o eterno continuum
Da fatigada alma que clama ser penada,

Que tu bem o sabes, infante!
Alardeia entrementes oportuno estranho
Palavras para decifrar,
A hora nunca esperada, resigno semblante,
De um cansado servo tacanho.
Chega! Expressa: não há mais que suportar.

Os dias encantados se foram,
Ó angustia, não lembre do passado, assim, ou...
Que escolha existe para o fim?
Nada. Apenas um registro para os que choram.
Maldito seja quem o criou,
Isto é, sua vontade dor e maldade enfim.

Tinta de Lágrima

Agora, este meu cálice, segredo;
Quem escuta a cabeça de Orfeu,
Faminto poeta, teu verso morreu
Na folha da memória diante ao medo

O vinho do qual toma é um veneno,
Ninguém se importa amar tão livremente,
Pois a cobra circunda e me condeno
A tomar as decisões mais duramente.

Como a vela se apaga, o tempo rege,
Reflito ao deparar o crânio velho
E, busquei tal amor que te protege

Assim como a abelha produz mel,
Meu sem doce ficou - e te revelo
Minha vida; um caminho sem o céu.

Imago Dei

Os ventos correm aos assobios dos malditos,
Anunciam as misérias de suas ordens,
Rangem os dentes a tessitura em navalha,
Soa como mil bafos de loopings infinitos.
Como próprio diabo são os mesmos homens,
Golpeiam entre si, da sua própria vida falha.

Preso na tua própria condição deste ser,
Condena o próximo como a si mesmo.
Tua espécie é semelhante da tua ambição,
Imago divino é possuir, consumir e ter.
Ou seja, teu palacete é burlesco
Igual a arrogância! E quer impor sua ideação?

Um Doce Desejo

Sobre a lua tua pele chama atenção
É uma deusa noturna em apego;
Fixa qualquer olhar e o reter do chão;
Faz voar os mortais em seu relento.

Como te alcançar e receber teu carinho?
Seu nome soa mil vezes a mais bela canção
Tua forma é a graça de um doce desejo
Faz um poeta tomar essa louca paixão.

O infinito se encontra em sua mão,
E tua mão indica esperança  e o segredo
Diante do espelho, a noite é ilusão
Pois em você mora todas as estrelas.

Um Gigante que Persegue

É loucura, mas eu vi, um gigante me perseguir
Como estava para proteger alguém
Não pensei duas vezes, apenas corri...

Era de uma retidão quando topei com as escadas
Corra! Isto é uma grande cilada, e tropicava
Parecíamos o alvo certeiro dessa grande emboscada

Chegamos na linha do trem, muitas pessoas
O gigante parecia somente a nos querer pegar
Enquanto caímos ao atravessar o outro lado da linha

Ficou presa, tentei lhe tirar, mas ninguém se importava
Diante do desespero, o medo, e o questionamento cego
O gigante parecia estar derrubando a estação

Era o fim, ou novo começo, a linha nunca acaba
Pensei em segurar o trem para não perder esta viagem
Percebi o quanto o medo nos impede de prosseguir

As estrelas que jazem em teu peito

As estrelas pelo seu brilho
São transmutadas por seus olhos
Que formam imagens alegóricas
Ao fundir-se com o imago já presente.
O teu destino não foi escrito,
Mas é descrito pela viagem da luz.
De como era o passado,
A tua essência é um longo jogo
Para saber de onde veio,
O mais longe possível está no espaço.
O universo guarda muitos segredos,
E o tempo vela por cada compasso.

Diáspora

Mataram-no, enganá-lo antes com seus objetos
Despedaçaram-no, subjugou sua alma como inferior
Cozinharam-no, tomaram-lhe o lugar de sua vida
Devoram-no, e continuam em cada geração o rito
As marcas são correntes de sua tradição
Prende o estandarte em sua fronte e destino
Faz do teu domínio o que nunca foi legado


Um absurdo, ou um cogito, ou de fato?


Ser que está além da imaginação
Um absurdo, ou um cogito, ou de fato?
Da memória o motor de cognição
Construo-o presente e dele mesmo falo.

Como pode fazer crer em si mesmo
Sentir o que sente neste devir
Não sabe definir e quando lemos,
Tenta-me em todas formas insistir:

Não! Assim meu dialeto será escasso
A resposta à pergunta é tão complexa
Que teu reflexo não tem mais espaço,
Surge a mentira quando se conversa.

Até a última palavra

Espirito de tinta, e mão de máquina.
Tenho alma de palavras em movimento,
Sou corpo constituído de poesia-matéria,
E luto cada dia contra o papel branco.
O verso do universo ao multiverso,
Num mundo que cabe em um coração.

Este Alguém

Acredita que há mais entre você e eu?
E tudo isso, o tanto que preciso sentir
De qualquer palavra tua, e assim lhe pedir
Que me reviva daquele que já morreu.
O inverno me cerca, e tua promessa passou
Sem saber de como meu coração parou.

Deixo-lhe mostrar os pedaços de passado,
Do que me faz hoje, e outro a ser esquecido.
Quem dera meu, de fato, de um ser querido...
Imaginava assim, mas eu fui enganado
De tal maneira que não queria mais ninguém,
A não ser a liberdade que nos mantém.

Leitor

Como posso escrever estes versos?
Saber que não posso traduzir meu coração,
Então como posso ser cordial?

Pergunto, se gostou ou se divertiu
Ao teu coração ao qual pretendo direcionar,
Que atravessam nos movimentos de seus olhos..

Se parou até aqui, te contemplo,
Por saber que houve algum contato entre nós,
Mesmo que seja desta forma,
Pois esta é minha razão de escrever.

Mundo Cinza

Como é difícil sonhar neste mundo cinza,
Lugares cheios de pedras que se movem,
Pedras que falam de suas pressas,
E que não constroem nada
Além de seus próprios furos.

Como é difícil voar neste universo,
Em nome destes objetivos que pesam
E levam todos para baixo, engaiolados...

Como da tua sopa de pedra, pois que me sobra
É um pouco do resto de seu mundo,
Por isso já não tenho forças para ser livre.

Dançamos que nos une ao verso

Somos a dança do universo confinado num recipiente,
Caminhamos desfragmentados por longas eras.
A energia que invade qualquer espaço
nos transforma em coisas,
E evoca o contato para crescermos,
Em direção à uma nous evolutiva.

Se a luz nos evoca esta sensação,
sabe que nunca estaremos sós,
mesmo depois desta partida momentânea.
Somos um conjunto de seres e entes intemporais,
Além deste ser e tempo.

Somos frutos arquetípicos do destino,
O elo do universo que reconhece a si mesmo,
Sois e somos ao mesmo tempo.

Estranha Timidez

Ao te olhar, você devolvia teu sorriso;
Trocando olhares, um ritual desconhecido.
Que estranho destino, parece um conto,
E te conto em forma de poesia.
Mas queria lhe dizer tanto, mas tanto!
Que minha boca não mais se abriria,
Restou-me te olhar, e morrer nestes versos...

Consolação

Cada gota era uma nota
Cada nota era uma gota
Mas cada passo era teu compasso
E o compasso era minha busca.

A minha busca era o amor,
O amor além da vida,
Amada minha, minha sabedoria.

Parada

A árvore que chora,
De se mover, incapaz.
Ela toda torta,
Parece morta e sem paz.

Em casa tal porta
Já fora uma árvore morta,
E viveu sem poda.
Só sua madeira importava.

Assim, o tempo desfolha
Sem dar os teus frutos,
O consumo é teu ser
E a terra o aguarda.

Então, o que isso importa?
E tudo é passado,
Em cada porta um destino
Que fica aparado.

Fio da Vida

Li e reli, vi e revi,
Então, li e vi, novamente.
Assim, ver e ler, vê-la...
Vela ilumina a leitura,
E vi e revivi a linha da vida.

Psicomaquia Habitual

Psicomaquia, a escolha do seio bom ou seio mau
Olha-se todo dia, cada sombra de um narcisista
E a vida se torna um jogo de egos. 

As condições e suas condicionais, os comportamentos,
Impulsos humanos juntamente com instintos animais,
É como querer matar o pai e deitar com a mãe depois...

A passarela do carnaval de alter egos, personas
E dissociações, exposição da imaginação:
A arte é a loucura de sentir o momento.

A realidade que se julga ser verdadeira
Parece dar rasteira enquanto processamos,
Dados da primeira impressão objetal segundo o subjetivo.

As sete bruxas

As sete bruxas cantam
Sem saber do oitavo
O fim do rio encontra
Em cada lágrima da humanidade

O amor suspira na memória
Vivemos sem lealdade
A dor na procura do receptáculo
Apenas uma máscara de vaidade

As sete bruxas cantam
Sem saber da cor da magia
Hoje o dia é eterno
Longe de qualquer melancolia

O amor inspira na alma
Um sonho que nunca acaba
Quem souber deste segredo
O céu está sua morada

O que é o amor?

O amor é fogo quando se é amado
O amor é água quando se tem sede
O amor é ar quando há inspiração
O amor é terra quando há encontro
O amor é alquimia enquanto amar livre

Pangermia Humanística

Enquanto a humanidade cresce em sua terra
Está com o espírito nas estrelas
Essa é a tradução da liberdade prescrita.

Provêm do sol os raios da vida
Somos um conjunto de pequenas esferas
A rede de uma vida que tece evolução.

Mas hoje o chamado pede revolução
Desde o amor ao transhumanismo infinito
Somos os filhos de uma nova geração

A maldade ainda é uma pedra no caminho
E um de seus filhos tomará a escuridão
Mas esperança sempre trará a luz.

Em outros planetas eis de colher frutos
Levaremos o fogo de Prometeu a todos lugares
Riscaremos o céu até a última estrela.

É a lama, é a lama

Não sei o que foi feito,
Diante da lágrima da rosa,
Ela morre lentamente, ela apenas morre...
Nada diz sobre seu nome,
E ele o estranho, cessa, desiste no momento,
A sua busca está no lodo.

A dor sufoca, e é muito ameaçadora.
A morte chama, e clama por sua chama,
Ama e não ama, é a lama, é a lama.

Infindável

Não me transforme numa história
Nem versos que compõe o incompleto
Sou eu mesmo, eu sou incerto
Sou eu cada universo, eu sou.
Libertário hei de ser cada vida
Cada vida livre busco ser
Sou um conjunto de afetos
Um sou com tudo sendo o infinito.

Suplício de Tântalo

A vida de muitos é um plágio
De algum mito ou herói na história,
Eu busco o tertium quid desta questão.

Gostaria de não ter falado sobre amor
E muito menos dar um título na obra,
Sofro o suplício de Tântalo: afeição perdida!

Com os olhos minguados, noites sem sonhos
As sinapses não me deixam em paz, é a dor,
Fico agitado, danço e rio comigo mesmo.

A tinta no meu caderno não sossega,
Sentimentos confiado à fragilidade do papel,
Será que um deus escreve a historia?

Ah! Loucura, quem duvida que o amor é heroico,
Qual trama está reservado para cada um de nós?
Vejo tua face, tenho medo, vejo eu mesmo...

A Busca

Quem já não viu o amante contemplar,
De olhar fixo num ponto, horas de sonhos
E com a alma fora do corpo em êxtase?

Ai, quem lembra, dos dias gelados de inverno
Ou dias quentes de verão, diga-me:
Foram anos para entender a dança de estações.

A memória de criança proporciona alegorias,
Ainda mais quando feitos de prazeres inefáveis,
O amor, como sempre tivesse falado, de meu íntimo.

Mas não te enganes, não esqueci dos desenganos cruéis,
Enquanto me mantive refém das quatros paredes
Em noites que somente a lua sobrava inspiração.

Testemunhem o papel e a tinta expressarem,
O coração parar no estômago de tão ferido,
Da esperança que nunca morre, mas o inferno é isto.

Confesso

Confesso-lhe que tenho desejos
Imagino como seriam seus beijos
Mas ao mesmo tempo eu temo
Tremo, pois seria muito pra mim

É estranho, é utópico, é ilusão
Alcançar e ter sua mão
Arrancar um suspiro de uma donzela
Sempre fui a fera dos contos de fada

É chato, eu sei, mas como ser
Feliz no inferno de cada dia
Amam os tiranos, amam os bandidos
Mas não amam quem é amável?

Posso estar enganado, mais uma vez...
Nenhuma sabedoria caberia nos lábios,
A sensação vai além de qualquer intelligentsia
O encontro de dois corpos é alquimia

É sonho, é sonho, hoje, ontem e sempre
Mas o que custa lhe confessar
Nestes versos singelos sem rima,
Busco manter acesso o fogo da vida.