Súplica

Sonho contigo sereno júbilo,
É que aos dias sou mágoa
Nas mãos um doce pueril
De quem tanto sente falta.

Sou verbo nos seus lábios
Quimera à madrepérola
Formal afã rogo em plenilúnio,
Lúcido ao canto dum anjo
Ao meu vil em ser poeta

Toca-me como fosse harpa
Cria-se o primeiro homem
Apanhado num laço valquírico
Entoando mítica rapsódica

Seria este coração pérfido?
Ou um símile perfectível
Adejo sem guarnecer minha gupiara
Flechado num sonho dogmático
Ferido no paraíso doentio
Caído nos teus braços de amante

Neste clichê de viver celso
Talvez seja esse meu objetivo
Acredito nessas asas volúveis
Em uma forma refulgente

Não sou selenita meu astro
Atravesso por um cometa errante
Hospedo no sol para senti-la
Desta queima fulminante rutilar
Libertando-me da escuridão sádica

Seus passos que me guiam
Dança luzente de esperança
Mas que prendeu-nos inocentemente
Nesse sentimento de culpa

Fisgou-me apenas com um olhar
Amavios duma beldade desigual
Sentiu que o bater dum coração simples
É a mais profunda prova de amor
De qualquer mudo, cego e surdo infeliz
Onde mora esperança rara

Sendo escravo do destino
Cujo menino aprende amar
Peço apenas tua graça
Desejo-te o bem maior serafim

Não me vejo com este outrem
Ao dizer voe e encontre alguém
Se me deste asas, por que tira-las?
Recebi o dom divino, por que perdê-lo?
Aguardo, sendo assim, uma chance de viver. Ah súplica...